Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O pouso da gloriosa Ada Rogato


Foi na tarde de 9 de junho de 1960, que a aviadora Ada Rogato (1920-1986), considerada “uma das glórias da aviação civil”, segundo o jornal ‘Diário de Piracicaba’, pousou no aeroporto municipal ‘Pedro Morganti’, em Piracicaba (SP).



Com seu ‘Cessna’ de 90HP, Ada concluiu seu arrojado feito, percorrendo aproximadamente 12.700 quilômetros. Sobrevoou em três meses: São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas, Montevídeo, Buenos Aires, Baía Blanca, Patagones, Deseado, Trelew, Comodoro, Rivadaria, Rio Grande e Eshuaia.



Em seu retorno passou por Rio Grande, Rio Gallegos, Comodoro, Rivadaria, Trelew, São Carlos de Bariloche, Puerto Montt, Concepción, Santiago, Mendoza, Cordoba, Buenos Aires, Resistência, Assúnción, Foz do Iguaçú, São Vicente, São Paulo e aterrissou no mesmo local da partida, Piracicaba.

Recebida pela primeira-dama, Ladice Salgott Castillon, que lhe entregou flores em nome de todas as mulheres piracicabanas. Entrevistada por duas rádios locais, a aviadora disse estar satisfeita em regressar a Piracicaba, de onde, como afirma o ‘Diário’, “partiu para colher mais glória para a história da aviação civil brasileira”.

Logo após as solenidades, coquetéis e almoço foram servidos nas dependências do aeroporto e na mansão da usina Monte Alegre, reunindo Ada, empresários e autoridades.

Pioneira
Além de aviadora, Ada Rogato era campeã de paraquedismo. Contava até a época (1960), 105 saltos comandados. Possuía prêmios e condecorações nacionais e internacionais. Destaque também por ser a primeira mulher piloto de um planador.



Férias do CCMW
O Blog Acervos Históricos informa aos leitores, que a partir de 22 de dezembro o Centro Cultural Martha Watts e o Espaço Memória Piracicabana encerram as atividades temporariamente. A pausa é devida manutenção interna: organização e conservação de seus acervos para permitir sempre o melhor atendimento aos visitantes e pesquisadores. O CCMW reabre em fevereiro. No entanto, o blog continuará com posts mostrando todo o processo de manutenção do museu.



Reinaldo Diniz é aluno do quarto semestre do curso de jornalismo da Unimep.
Pesquisa realizada no acervo do jornal “Diário de Piracicaba”.




sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

As revistas comunistas de Chiarini

Há uma pequena coleção de revistas chamadas “Union Soviética”, “ Rumania today” e “ China revista ilustrada”. Todas essas revistas são da década de 50 , do período da Guerra Fria. As capas tem o simbolo comunista e  em vermelho e, em seu conteúdo, sempre  se destacam propagandas com fotos de Mao Tse Tung , Stalin,  Marx e outros.

Sem dúvida, essas revistas são de grande importância, principalmente pelo contexto em que , historicamente , se enquadram , pois naquele momento com a guerra fria  e o medo comunista, a existência de tais revistas em uma biblioteca seria grande causadora de problemas. Sendo que Chiarini manteve essas revistas em seu acervo durante o período militar no Brasil. Chiarini também era membro do Partido Comunista, então recebia muito material de países como Rússia, China, Cuba. Mas sobre sua militância ou, como consigo entendê-lo, seu interesse pelo tema e por tudo o que acontecia no mundo, discutiremos em outro post.





O acervo “João Chiarini” é um dos mais ricos do Centro Cultural Martha Watts, abrangendo muito além do folclore, com livros desde literatura infantil a livros de religião, economia, política, matemática, biologia, história e mais uma infinidade de temas.


Tatiane Saglietti, aluna do sexto semestre do curso de História da UNIMEP.
           Pesquisa realizada no acervo do João Chiarini.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Feminino de basquete do XV ganha jogo!


“O conjunto feminino de bola-ao-cêsto do XV de Novembro vem registrar um feito honroso, conquistando o tricampeonato estadual, lutando desde  1960 com equipes de categoria, que reúnem expressões do cestobol nacional. E a consumação do objetivo ganhou maior destaque ainda na campanha que vem se  encerrar, pois marcou triunfo dos mais valiosos, principalmente fora de seus domínios, demonstrando que a liderança do bola-ao-cêsto paulista lhe pertence de fato e de direito.”

Assim começa a reportagem da Gazeta Esportiva Ilustrada de 1963, material que faz parte do acervo Rocha Netto. Em 1963, o time feminino de basquete do XV consegue ganhar o tricampeonato, ganhando do Corinthians. O repórter tece elogios ao time, merecidamente, pois há anos o time do XV lutava pelo tricampeonato.

“Sabem os desportistas o que representam atualmente o bola-ao-cêsto feminino do Estado de São Paulo as equipes do Corinthians e do Votorantim. Formam com o time do XV de Novembro o “trio de ferro” do esporte da cesta, aparecendo mesmo como as maiores expressões do Brasil”.








Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Corrida Automobilística de 1939


O post dessa semana é de autoria de Rocha Netto, de 1993, publicado na sua “Coluna do Rocha Netto” (Jornal de Piracicaba). Nessa publicação, Rocha Netto recorda a prova automobilística “Adhemar de Barros”, de 1939. Nesse ano, Rocha Netto completava 20 anos de idade.
As  corridas aconteciam nas ruas onde hoje é quase impossível imaginar uma disputa automobilística. Competiam na Rua Armando Salles e passavam por todo o centro da cidade, sem qualquer barreira de proteção entre público e carros em alta velocidade.

“No dia 28 de agosto de 1939 Piracicaba assistiu a uma importante prova automobilística, denominada “Grande Prêmio Adhemar de Barros”, em homenagem ao Interventor em São Paulo, durante o Estado Novo (1938-1941).
Essa corrida foi levada a efeito pelo Automóvel Clube de Piracicaba, e da Prefeitura Municipal local, que tinha à sua frente o saudoso sr. Ricardo Ferraz de Arruda Pinto. O público piracicabano compareceu em grande número ao acontecimento, e que contou com a participação de muita gente oriunda das 60 cidades dos estados e de diversas capitais, conforme comprovações feitas, pelas chapas de carros que estavam nesta cidade na data da competição.
A corrida teve início e fim, no centro da cidade, à frente da “Tabacaria Tupã”, de propriedade do desportista Justo Moretti, onde hoje se encontra o Banco de Crédito Nacional (Rua São José, esquina com a Praça Sete de Setembro). A corrida ganhou a Avenida Independência, onde estavam as arquibancadas e a Tribuna de Honra, atingindo a Escola de Agronomia e voltando ao centro da cidade.
Chico Landi liderou a corrida durante as 25 voltas. Amaral Júnior manteve-se em segundo lugar da 1ª a 17ª volta e, finalmente, Oldemar Ramos superou Amaral Júnior na 18ª volta, até o final, deixando o volante de Bauru em terceiro lugar."





Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana   
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Embriaguez e morte na Rua do Porto


No dia 20 de novembro de 1932, aproximadamente às quatro horas da tarde, foi encontrado um corpo na rua do porto, esquina com a rua Prudente de Moraes, de um senhor de aproximadamente 80 anos e que a princípio foi   tratado como indigente mas logo reconhecido como sendo Angelo Bizioli. O  senhor Angelo era conhecido por aluns da região, pois tinha o hábito de embriagar-se.
Depois de reconhecido por algumas testemunhas ali presente um sargento, que morava ali perto, Alfredo Macruz e também a filha  do  falecido, Luiza Bizioli, de 49 anos , italiana, que não sabia ler e escrever,  foi chamada para ver o corpo lá deitado que afirmavam ser de seu pai. Confirmou também que seu pai gostava de se embrigar e  que havia saído não havia muito tempo.
Em seu “Auto cadaverico e levantamento” os médicos constataram a causa da morte “intoxicação alcoolica ocasionando congestão cerebral”.




Tatiane Saglietti, aluna do quinto semestre de história da UNIMEP
Pesquisa realizada no acervo do Fórum

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

São Paulo antiga


O livro “História e Tradições da cidade de São Paulo”, que faz parte do acervo de Chiarini, é muito interessante. O livro conta o cotidiano de São Paulo do final do século XIX e início do XX. O que mais chama atenção são as fotos de cidade contidas no livro.




Uma parte do livro é dedicada a explicar como os paulistanos passavam os momentos de lazer na cidade:

“No começo do século XX logradouro que se tornou ponto de recreio da maioria da  população foi o jardim do Museu do Ipiranga. Ali se reuniam permanentemente todas as barracas, que nas cidades italianas, por ocasião do carnaval, se espalhavam por várias ruas e praças. Toda São Paulo o frequenta nos domingos, caleches, em bondes, a pé, invadindo os cafés,  os jogos, os teatrinhos(...)”.



“(...) O passeio predileto do povo paulistano nos domingos era uma corrida de bonde do largo da Sé ao jardim e ao Museu do Ipiranga. Os circos, em fins do século XIX e começo do XX, mantiveram também o seu prestígio como diversão popular. Às vezes de certo apresentando números de sensação como o do “professor mágico” inglês Savior Boonex, multado em 1874 por um fiscal da Câmara por ter em sua casa, contrariando disposições da municipalidade, três leitões “que eram objeto do trabalho de sua profissão”.”



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Alvinegro traumatizado com queda do COMURBA


A semana da publicação deste post marca os 50 anos de uma das maiores tragédias ocorridas em Piracicaba (SP).  A queda do Edifício Luiz de Queiroz (‘COMURBA’),tema já abordado aqui no blogtraumatizou o E.C. XV de Novembro.

Em pesquisa realizada no livro “A História do XV”, o ‘Nhô-Quim’ tinha jogo marcado para o dia 8 de novembro contra o Esportiva de Guaratinguetá e diante do ocorrido, solicitou a Federação Paulista de Futebol (FPF) que o campeonato fosse realizado em outra data.
Já o presidente da entidade na época, recusou a solicitação. Somente foi cedida nova data quando a Secretaria de Segurança Pública intercedeu em favor do time alvinegro.
A partida foi adiada para o dia 25 do mesmo mês, com vitória do XV de 3 a 0.

12 de novembro
O primeiro campeonato do XV após a tragédia foi contra o Corinthians no Parque São Jorge, na capital paulista. Antes do “mata-mata”, houve homenagem póstuma aos cerca dos 50 mortos da tragédia.
A data também marcou a estréia do meio-campista Chiquinho. Mesmo com o time em luto e jogando bravamente, o único tento da partida foi conquistado pelo jogador corinthiano Flávio aos oito minutos do primeiro tempo.






Reinaldo Diniz, aluno do quarto semestre do curso de jornalismo da Unimep.
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

“Tão” e a briga com o Jornal de Piracicaba


Em 1946, um goleiro do XV de Piracicaba entrou com uma ação contra o Jornal de Piracicaba. Motivo: um jornalista andava caluniando o jogador nas rodas de conversa pela cidade.





A história
No começo do mês  de maio de 1946, Farid Elias Cassab, conhecido pelo apelido “Tão” e por ser “futebolista amador” , era goleiro do quadro principal do XV de Novembro, prestou queixa contra o Jornal de Piracicaba, de propridedade do Dr. Fortunato Losso Neto.

Segundo o processo:
“Nos derradeiros tempos, começou o querelante a ser hostilizado por um dos auxiliares do Jornal de Piracicaba, sem ser por motivos esportivos. V. o difamava, a cada passo, em conversas com terceiros. Na noite de 3 para 4 do corrente, encontrando-se com V., no centro da cidade, o querelante o interpelou, cortesmente, a respeito disso. Teve como resposta uma agressão, a que reagiu, naturalmente.”
No dia seguinte a agressão, foi publicado um artigo no JP criticando a atitude do jogador, utilizando palavras como “o cafageste Tão”, “praticante do profissionalismo branco”, “goleiro importado e sustentado pelo XV de Novembro”.

Trecho do artigo (que está anexado ao processo)
“O cafageste Tão, goleiro do XV de Novembro, volta-se contra a imprensa, já que não pode fazer cartaz a custa do valor esportivo.
(...) o nosso companheiro de imprensa, Sr. V.J., foi grosseiramente interpelado pelo cafageste Tão, goleiro importado pelo XV de Novembro, e agredido estupidamente em pleno centro da cidade, ao lado do prédio do Banco do Brasil. Tão é elemento desclassificado, que todos conhecem, praticando profissionalismo branco no interior.
(...) de há muito tempo que a diretoria do XV de Novembro tem observado que espécie de elemento é seu guardião. Mas agora ele se revelou em toda sua forma: é um desordeiro, um covarde agressor, que briga traiçoeiramente e corre para não ser apanhado pela polícia!”



Na conclusão do processo, o juiz determina a absolvição do jornalista.



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa realizada no acervo do Fórum

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O XV em 1932

No dia 9 de julho de 1932 teve início a Revolução Constitucionalista, que tinha como reivindicação a elaboração de uma nova constituição e uma nova  convocação de eleição para presidente. Os constitucionalistas também pediam a saída imediata do interventor pernambucano João Alberto e a entrada de um interventor paulista.
         

   Muitos piracicabanos participaram das tropas paulistas, inclusive jogadores do XV. No livro “A história do XV” , é possível comprovar o fato,com quatro páginas dedicadas ao campeonato regional que foi interrompido devido a revolução. O XV realizou apenas 6 jogos pelo campeonato regional de Rio Claro e deixou de jogar 5 partidas. Não apenas o time do XV, mas também times de menor escala tiveram suas atividades interrompidas durante o período.





Tatiane Saglietti,  aluna do sexto semestre de história da UNIMEP
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Rio de lágrimas não chora mais


O compositor Tião Carreiro descreveu na música ‘Rio de lágrimas’ que‘o rio de Piracicaba, vai jogar água para fora (..)’, porém, esta situação está longe dos moradores e turistas de Piracicaba (SP).

O rio enfrenta uma estiagem que, segundo noticiários, pode permanecer durante os próximos cinco anos. Diferente desta realidade, o rio já alcançou níveis altíssimos, que já desabrigou centenas de pessoas, moradores da tradicional Rua do Porto.

O Blog Acervos Históricos lembra esta semana da maior tragédia fluvial ocorrida há 31 anos, que foi matéria do jornal ‘O Diário’, no dia 6 de fevereiro de 1984. As chuvas que caíram durante a semana, fez com que o rio inundasse até as partes mais altas da cidade. Na reportagem é destacada as consequências da inundação “O caos deixou centenas de desabrigados, pontes danificadas, com registros de algumas mortes”.



Segundo reportagem do jornal, o rio Piracicaba subiu mais de sete metros, além de seu leito normal. “Mas quem pensa que o único culpado pela chuva é o rio Piracicaba, engana-se. As galerias de águas pluviais da cidade são muito antigas, e todas elas estão precisando de reformas urgentes, como já admitiu até mesmo o secretário de Obras”.

Em 1983, a cidade presenciou quatro enchentes consecutivas, nos meses de fevereiro, abril, maio e junho. A situação foi considerada a pior desde 1970.

Atualidade

No último balanço mensal divulgado em setembro pela Sala de Comitês das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), mostra que o nível mínimo do rio Piracicaba estava em 0,77 metros, sendo 1,77 metros de nível máximo.



Reinaldo Diniz, é aluno do quarto semestre do curso de jornalismo da Unimep.

Pesquisa realizada no acervo do jornal O Diário.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Rocha Netto em detalhes


Rocha Netto era muito detalhista. Prova disso é o seu acervo.
Rocha Netto tinha uma casa alugada só para guardar seu acervo esportivo. Graças a preocupação do jornalista em deixar o material bem organizado é que conseguimos dispor o acervo de forma mais simples e fácil de pesquisar.

A catalogação do material está sendo feita pelo CCMW mas,  mesmo assim, a pré catalogação feita pelo Rocha foi fundamental.

Provas da organização de Rocha Netto:

Cartões separados cronologicamente indicando jogo por jogo da seleção brasileira, desde amistosos, copa das confederações, copa do mundo, entre outros.


Livros da História do XV. Todo esse material foi formado a partir das pesquisas pessoais de Rocha Netto, além da vivência do próprio jornalista com o XV de Piracicaba.



Livros com roteiros de jogos do XV de Piracicaba. Nesses livros, Rocha Netto anotou o placar e a escalação do time do XV, jogo por jogo, desde a sua fundação, em 1913.






Isso é só um pouco do que é o acervo de Rocha Netto. Temos ainda as caixas com jornais, revistas internacionais de esporte, compilações da Gazeta Esportiva e mais uma infinidade de materiais sobre esporte, tudo disponível para pesquisa.


Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cururu, o combate poético


“O cururu é disputa, combate poético”, com essa frase João Chiarini começava seu texto publicado na Revista do Arquivo Municipal, de 1947. Chiarini começa contando os antecedentes do cururu:



“É universalista. Na coroação dos poetas helênicos fazia-se a eleição do mais talentoso repentista da cidade. Depois há improvisação na Sicília, Espanha. ‘São em geral, os motivos desses cantos, oriundos dos árabes, adotados pelos provençais, muitos cultivados em Portugal e extraordinariamente difundidos no Brasil.’ E é na Idade Média que ele se avantaja pelo país luso. Aqui se chama recuesta. O “self-repeating-process” patenteia a vinda duma tradição da antiguidade até o meio rural brasileiro. De lá é que vem para a América pelas mãos dos elementos primários lusos, pelos portugueses católicos, que o ensinaram aos homens do Brasil.”

Ao longo do texto, o folclorista também explica a origem, a tradição lingüística, as pessoas e os costumes que fazem parte do cururu. Para ele, cururu é instintivo.

“O cururu é música popular. E a música popular acompanha a ideia de trabalho. A vida que esta cada vez mais apertada é lembrada nas toadas. As tragédias domésticas também o são. E perfeitamente bem, porque o cururu não são refrãos onomatopaicos, exclamativos ou monossilábicos. É por isso que os cantadores lembram das leis sociais vigentes, que reconhecem e amparam os direitos do operariado. Os seus versos significam um estado de espírito que exprime a origem histórico-social dessa coletividade.”

No acervo de Chiarini também tem dezenas de fotografias do Cururu:

 


 

 Para ver as fotos e o  artigo na íntegra é só visitar o Centro Cultural Martha Watts, todo o acervo é disponível para pesquisa.

 Neste Link dá para ver um documentário muito interessante sobre cururu.

 

Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana

Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O dia que nunca será esquecido pelos piracicabanos


Neste ano, uma das maiores tragédias que abalou Piracicaba (SP), completa 50 anos. A queda do Edifício Luiz de Queiroz, conhecido como COMURBA (Companhia de Melhoramentos Urbanísticos), ficará marcada na memória dos piracicabanos.

Foi no dia cinco de novembro de 1964, pouco depois das 13h30, que iniciou o “sentimento desesperador gerado pela perda de muitas vidas e desaparecimento de entes queridos, que traumatizou dezenas de lares e cobriu a tristeza e abatimento a nossa terra ¨(Jornal “O Diário”). O prédio não desabou por inteiro, foram anos para que o restante fosse retirado.

A Santa Casa de Misericórdia da cidade recebeu os feridos, “aos poucos que haviam escapado com vida”. Em 15 dias foram encontrados mais de 45 corpos.

Solidariedade Humana
A população foi certamente elogiada. Já que após a tragédia “numerosíssimas turmas”  de operários, chegaram para a remoção dos escombros, sendo que, como disse o matutino: “No início o foi somente a mão”.

O que dizia o governador?
O então governador do estado de São Paulo, Adhemar de Barros, compareceu em Piracicaba. A fim de observar “in loco” a situação catastrófica.

“Nós não vamos discutir o episódio lamentável. Não vamos lamentar as mortes. Mas vamos chorá-las. Vamos rezar por elas. Mas vamos providenciar de tal maneira que o restante deste prédio não construa ameaças para a população”, declarou o governador.

O edifício ficava localizado, onde atualmente é a Caixa Econômica Federal e Poupatempo Estadual, na Praça José Bonifácio, centro de Piracicaba. No subsolo ficava o Cine Plaza, um dos cinemas da cidade.
Local atual onde ficava o Comurba. Foto: Reinaldo Diniz


Nesse vídeo estão depoimentos de testemunhas e feridos.


Reinaldo Diniz,  estudante do curso de Jornalismo da Unimep
Pesquisa de texto realizada no acervo do jornal O Diário e fotos do acervo João Chiarini.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Flora Blummer

Miss Marta Watts definitivamente mudou a identidade da sociedade piracicabana no final do século XIX. Ainda moça, mudou-se com os pais para Louisville, nos Estados Unidos, onde se formou professora e, nesta época, a eminente guerra entre norte e sul finalmente explodiu  levando milhares de soldados confederados e da união a morte, entre eles, o noivo de Martha Watts.
            Anos após a tragédia, Miss Watts passou a servir como missionária da Igreja Metodista e, no final do século XIX, muda-se para Piracicaba, com o objetivo de fundar um colégio.
Apesar de ter encontrado dificuldades para se adaptar a costumes tão diferentes, Martha Watts encontrou muito apoio e amizade com a família de Prudente de Moraes e no próprio grupo norte americano que a acompanhou na viagem.

Em 13 de setembro de 1881 é inaugurado o “Colégio Piracicabano”, naquela época com apenas uma aluna, Maria de Azevedo Escobar, pois o ano letivo já estava se finalizando. Nessa época, como o colégio ainda não tinha uma sede própria ele foi estabelecido em uma casa alugada, no largo da matriz.

No ano de 1881, Martha Watts conhece a família Blummer, mais especificamente Pedro Blummer, que era descendente de alemães luteranos e, entre eles, também conhece a escrava Flora Maria. Apesar de proveniente dos estados confederados dos Estados Unidos, Martha Watts compactuava das teses anti-escravistas. A família Blummer decide entregar Flora aos cuidados de Martha e esta decide dar alforria para Flora. Flora, então escrava a 42 anos, recebe sua alforria, assinada por Prudente de Moraes, em 1881.  
Flora se tornou uma figura muito querida pelas alunas e alunos no colégio Piracicabano e também por Martha Watts, que lhe deu um emprego remunerado na cozinha do colégio. Passou a ser chamada de Tia Flora, era uma pessoa doce e contadora de causos, tratava as alunas como filhas, era fluente em inglês ( Flora, sempre que possível, viajava para os Estados Unidos com Martha Watts e William Koger, pioneiro metodista em Piracicaba), mas sempre procurava treinar seus estudos com as professoras e missionárias.
Aos sessenta anos foi acometida pela idade, com o corpo já bastante cansado dos anos de trabalho, recebeu toda assistência material, moral e espiritual de Martha Watts, mas em julho de 1892, veio a falecer, tendo sido todos os custos funerários custeados pelo colégio.
Em 2003, quando inaugurado o Centro Cultural Martha Watts, um de seus ambientes foi batizado com o nome de “Café Flora”, para que sua história seja sempre recordada na memória dos alunos e visitantes.




Tatiane Saglietti, aluno do sexto semestre do curso de História da UNIMEP.

Pesquisa realizada no acervo “Jair Toledo Veiga”.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Colégio Piracicabano completa 133 anos


“Nossa fé se mantém e estamos avançando em nossos preparativos para o futuro, com a certeza de que deveremos ter trabalho suficiente após algum tempo” (Mesquita, Z., Evangelizar e Civilizar.., 2001, Ed. Unimep, pág 36).



Como relatado neste trecho das cartas da missionária norte-americana Martha Hite Watts, datada de 08 de novembro de 1881, este trabalho persiste até os dias atuais.
Trabalho de educação para a produção e socialização do conhecimento, respeitando as diversidades culturais e religiosas da sociedade. É com essa missão que o Colégio Piracicabano, fundado por Martha Watts, comemora neste sábado (13), 133 anos de história.
Martha Watts.

Em entrevista ao blog “Acervos Históricos”, a diretora do colégio, Marilice Trentini de Oliveira afirma que o ‘Piracicabano’ possui um ensino diferenciado e inovador. “Entre os diferenciais oferecidos destaca-se o Ensino Bilíngüe, consolidado através do oferecimento de disciplinas ministradas na língua inglesa, presença de alunos estrangeiros e intercambistas durante o ano, oferecimento de Intercâmbios culturais e aplicação de testes de proficiência”, ressaltou. A diretora disse ainda que, “procuramos despertar nos alunos desde cedo por valores como amor ao próximo, justiça, cooperação, solidariedade, ética e cidadania”.
Marilice, diretora do colégio. Foto: Fábio Mendes

O Colégio Piracicabano foi construído e sustentado por mulheres missionárias metodistas, entre elas Miss Watts, como era chamada carinhosamente pelos alunos. “Sem dúvida a chegada das primeiras missionárias metodistas no Brasil veio contribuir muito para o crescimento e melhoria da educação na época, que era destinada apenas aos mais abastados”, certifica a diretora. E desde sua fundação o Colégio defende sua crença de que a educação é para todos.

Pelo modo de educação, o Colégio chegou ao nível de reconhecimento internacional. Marilice ainda explica que “desde o final do século XIX [o Colégio Piracicabano] vem superando desafios, construindo histórias, educando pessoas, sempre consciente do seu papel, de sua tarefa e de sua importância no cenário educacional brasileiro”. Dos 02 aos 18 anos de idade, a instituição tem aproximadamente 1.000 alunos matriculados, em todos os cursos de educação infantil, fundamental e médio.
Catedral Metodista - Centro de Piracicaba. 

Pela falta de registros de controle de alunos, não é possível precisar o número exato de alunos que estudaram no CP, porém, para a dirigente do Colégio, “se tomarmos como base a média de 500 alunos/ano pode-se afirmar que mais de 60 mil estudantes passaram por aqui”.
O Centenário
O extinto jornal ‘O Diário’, divulgou uma nota sobre as festividades ocorridas na semana de um século da chegada de Martha Watts em Piracicaba. A Câmara dos Deputados também ressaltou a importância da Igreja Metodista em Piracicaba e do IEP. “Somente depois de Piracicaba é que se propagou de forma regular e ininterrupta a obra evangelística e educacional da Igreja Metodista”, lembrou o então deputado federal, Aldo Fagundes. No mesmo ano, outra Igreja Metodista foi fundada em Piracicaba, localizada no Bairro Nova América.
Despertando a memória
Os alunos do Colégio Piracicabano, a partir de estudos realizados nas aulas de arte, ministrada pelo professor Flávio Silveira, irão expor em torno de 80 projetos de variadas linguagens artísticas, amanhã (13) às 11h30, no Centro Cultural Martha Watts.
A mostra ‘O Despertar da Memória, 1881-2014’, tem como objetivo proporcionar uma experiência artística significativa, envolvendo a família e reforçando o vínculo com a escola. Os trabalhos foram elaborados pelos alunos das Educações Infantis, Fundamental I e II e Ensino Médio.
O evento encerra a semana de festividades em comemoração ao aniversário do Colégio. A programação completa dos últimos eventos pode ser visualizada AQUI 



Reinaldo Diniz, aluno do quarto semestre do curso de Jornalismo da UNIMEP.

Pesquisa realizada no acervo do jornal ‘O Diário’.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Prospecto do Instituto Educacional “O Piracicabano”


No acervo Jair Toledo Veiga pode ser encontrado os mais variados trabalhos sobre genealogia de famílias de origem portuguesa, italiana, alemã, turca, etc. Além de temas relacionados à história, geografia e conhecimentos gerais.
Neste post mostraremos dois prospectos ou panfletos do “Instituto Educacional O Piracicabano” de 1959, contendo fotos das instalações, os cursos oferecidos e telefones de contatos.

Não esquecendo que Jair Toledo era Metodista, instituição religiosa que fundou “O Piracicabano”, e que seus filhos estudaram no colégio.










Tiago Favaris, aluno do sexto semestre de Sistemas de Informação da Unimep.
Pesquisa realizada no acervo Jair Toledo Veiga.