Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

“Tão” e a briga com o Jornal de Piracicaba


Em 1946, um goleiro do XV de Piracicaba entrou com uma ação contra o Jornal de Piracicaba. Motivo: um jornalista andava caluniando o jogador nas rodas de conversa pela cidade.





A história
No começo do mês  de maio de 1946, Farid Elias Cassab, conhecido pelo apelido “Tão” e por ser “futebolista amador” , era goleiro do quadro principal do XV de Novembro, prestou queixa contra o Jornal de Piracicaba, de propridedade do Dr. Fortunato Losso Neto.

Segundo o processo:
“Nos derradeiros tempos, começou o querelante a ser hostilizado por um dos auxiliares do Jornal de Piracicaba, sem ser por motivos esportivos. V. o difamava, a cada passo, em conversas com terceiros. Na noite de 3 para 4 do corrente, encontrando-se com V., no centro da cidade, o querelante o interpelou, cortesmente, a respeito disso. Teve como resposta uma agressão, a que reagiu, naturalmente.”
No dia seguinte a agressão, foi publicado um artigo no JP criticando a atitude do jogador, utilizando palavras como “o cafageste Tão”, “praticante do profissionalismo branco”, “goleiro importado e sustentado pelo XV de Novembro”.

Trecho do artigo (que está anexado ao processo)
“O cafageste Tão, goleiro do XV de Novembro, volta-se contra a imprensa, já que não pode fazer cartaz a custa do valor esportivo.
(...) o nosso companheiro de imprensa, Sr. V.J., foi grosseiramente interpelado pelo cafageste Tão, goleiro importado pelo XV de Novembro, e agredido estupidamente em pleno centro da cidade, ao lado do prédio do Banco do Brasil. Tão é elemento desclassificado, que todos conhecem, praticando profissionalismo branco no interior.
(...) de há muito tempo que a diretoria do XV de Novembro tem observado que espécie de elemento é seu guardião. Mas agora ele se revelou em toda sua forma: é um desordeiro, um covarde agressor, que briga traiçoeiramente e corre para não ser apanhado pela polícia!”



Na conclusão do processo, o juiz determina a absolvição do jornalista.



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa realizada no acervo do Fórum

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O XV em 1932

No dia 9 de julho de 1932 teve início a Revolução Constitucionalista, que tinha como reivindicação a elaboração de uma nova constituição e uma nova  convocação de eleição para presidente. Os constitucionalistas também pediam a saída imediata do interventor pernambucano João Alberto e a entrada de um interventor paulista.
         

   Muitos piracicabanos participaram das tropas paulistas, inclusive jogadores do XV. No livro “A história do XV” , é possível comprovar o fato,com quatro páginas dedicadas ao campeonato regional que foi interrompido devido a revolução. O XV realizou apenas 6 jogos pelo campeonato regional de Rio Claro e deixou de jogar 5 partidas. Não apenas o time do XV, mas também times de menor escala tiveram suas atividades interrompidas durante o período.





Tatiane Saglietti,  aluna do sexto semestre de história da UNIMEP
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Rio de lágrimas não chora mais


O compositor Tião Carreiro descreveu na música ‘Rio de lágrimas’ que‘o rio de Piracicaba, vai jogar água para fora (..)’, porém, esta situação está longe dos moradores e turistas de Piracicaba (SP).

O rio enfrenta uma estiagem que, segundo noticiários, pode permanecer durante os próximos cinco anos. Diferente desta realidade, o rio já alcançou níveis altíssimos, que já desabrigou centenas de pessoas, moradores da tradicional Rua do Porto.

O Blog Acervos Históricos lembra esta semana da maior tragédia fluvial ocorrida há 31 anos, que foi matéria do jornal ‘O Diário’, no dia 6 de fevereiro de 1984. As chuvas que caíram durante a semana, fez com que o rio inundasse até as partes mais altas da cidade. Na reportagem é destacada as consequências da inundação “O caos deixou centenas de desabrigados, pontes danificadas, com registros de algumas mortes”.



Segundo reportagem do jornal, o rio Piracicaba subiu mais de sete metros, além de seu leito normal. “Mas quem pensa que o único culpado pela chuva é o rio Piracicaba, engana-se. As galerias de águas pluviais da cidade são muito antigas, e todas elas estão precisando de reformas urgentes, como já admitiu até mesmo o secretário de Obras”.

Em 1983, a cidade presenciou quatro enchentes consecutivas, nos meses de fevereiro, abril, maio e junho. A situação foi considerada a pior desde 1970.

Atualidade

No último balanço mensal divulgado em setembro pela Sala de Comitês das Bacias PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), mostra que o nível mínimo do rio Piracicaba estava em 0,77 metros, sendo 1,77 metros de nível máximo.



Reinaldo Diniz, é aluno do quarto semestre do curso de jornalismo da Unimep.

Pesquisa realizada no acervo do jornal O Diário.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Rocha Netto em detalhes


Rocha Netto era muito detalhista. Prova disso é o seu acervo.
Rocha Netto tinha uma casa alugada só para guardar seu acervo esportivo. Graças a preocupação do jornalista em deixar o material bem organizado é que conseguimos dispor o acervo de forma mais simples e fácil de pesquisar.

A catalogação do material está sendo feita pelo CCMW mas,  mesmo assim, a pré catalogação feita pelo Rocha foi fundamental.

Provas da organização de Rocha Netto:

Cartões separados cronologicamente indicando jogo por jogo da seleção brasileira, desde amistosos, copa das confederações, copa do mundo, entre outros.


Livros da História do XV. Todo esse material foi formado a partir das pesquisas pessoais de Rocha Netto, além da vivência do próprio jornalista com o XV de Piracicaba.



Livros com roteiros de jogos do XV de Piracicaba. Nesses livros, Rocha Netto anotou o placar e a escalação do time do XV, jogo por jogo, desde a sua fundação, em 1913.






Isso é só um pouco do que é o acervo de Rocha Netto. Temos ainda as caixas com jornais, revistas internacionais de esporte, compilações da Gazeta Esportiva e mais uma infinidade de materiais sobre esporte, tudo disponível para pesquisa.


Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cururu, o combate poético


“O cururu é disputa, combate poético”, com essa frase João Chiarini começava seu texto publicado na Revista do Arquivo Municipal, de 1947. Chiarini começa contando os antecedentes do cururu:



“É universalista. Na coroação dos poetas helênicos fazia-se a eleição do mais talentoso repentista da cidade. Depois há improvisação na Sicília, Espanha. ‘São em geral, os motivos desses cantos, oriundos dos árabes, adotados pelos provençais, muitos cultivados em Portugal e extraordinariamente difundidos no Brasil.’ E é na Idade Média que ele se avantaja pelo país luso. Aqui se chama recuesta. O “self-repeating-process” patenteia a vinda duma tradição da antiguidade até o meio rural brasileiro. De lá é que vem para a América pelas mãos dos elementos primários lusos, pelos portugueses católicos, que o ensinaram aos homens do Brasil.”

Ao longo do texto, o folclorista também explica a origem, a tradição lingüística, as pessoas e os costumes que fazem parte do cururu. Para ele, cururu é instintivo.

“O cururu é música popular. E a música popular acompanha a ideia de trabalho. A vida que esta cada vez mais apertada é lembrada nas toadas. As tragédias domésticas também o são. E perfeitamente bem, porque o cururu não são refrãos onomatopaicos, exclamativos ou monossilábicos. É por isso que os cantadores lembram das leis sociais vigentes, que reconhecem e amparam os direitos do operariado. Os seus versos significam um estado de espírito que exprime a origem histórico-social dessa coletividade.”

No acervo de Chiarini também tem dezenas de fotografias do Cururu:

 


 

 Para ver as fotos e o  artigo na íntegra é só visitar o Centro Cultural Martha Watts, todo o acervo é disponível para pesquisa.

 Neste Link dá para ver um documentário muito interessante sobre cururu.

 

Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana

Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.