Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 28 de março de 2014

O golpe militar segundo o Diário



Estamos perto de completar 50 anos do golpe militar e uma das coisas que marcou o período foi a plena adesão da grande mídia ao golpe. No interior isso não foi diferente.
Como temos o acervo do jornal O Diário, fica aqui o registro de algumas matérias relacionadas ao golpe, na maioria das vezes, apoiando tal evento. Colunistas e mais colunistas bradavam no jornal, dizendo que agradeciam a Deus pelo golpe que acabara de acontecer. Por mais surreal que isso parece ser, é importante sempre lembrarmos que Piracicaba, Santa Bárbara, Limeira e outras cidades da região, também sofreram as conseqüências da ditadura. Ocultar o que aconteceu em 64, é dar voz de vitória aos algozes da história, é permitir que torturadores saiam ilesos, é alimentar a passividade da sociedade brasileira diante das atrocidades ocorridas ao longo dos infelizes 21 anos de duração do regime militar.
As imagens que vão ser apresentadas aqui nessa postagem são apenas algumas notícias das centenas que saíram no jornal em 1964.
Pequenos artigos avisando sobre a “Marcha com Deus, pela liberdade” antes e depois de 1º de abril já apareciam na primeira capa do jornal. O discurso era sempre o mesmo, de que o Brasil era um país cristão e democrático, assim sendo, as instituições precisavam ser preservadas.


A maioria dos textos sempre são alarmantes, com a intenção de promover o medo entre população, falam de “perigos”, “intranquilidade”, “ameaças a democracia” e quase nunca definiam exatamente o que eram essas ameaças, em alguns momentos parecia falavam de algo sobrenatural. Alguns jornalistas já falavam do “perigo” comunista, que Goulart acabaria com a democracia e outras coisas absurdas.







Políticos piracicabanos agradecendo os golpistas.


Geraldo Nunes poderia até ser colunista da revista Veja.

Termo comum nos jornais da época (e até hoje em determinadas mídias), o golpe recebe o nome de “Revolução Democrática”. Usar o termo “revolução” era uma forma de se colocarem como portadores da legalidade, de se intitularem como salvadores da pátria. O ufanismo tomava conta dos discursos.

 





O regime militar já fazia suas primeiras vítimas em Piracicaba e região:





Para maiores informações sobre esse período, é interessante acessar:
https://www.facebook.com/memoriasreveladasarquivonacional?ref=ts&fref=ts

Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo do jornal O Diário.



sexta-feira, 21 de março de 2014

Através do Folclore


“Folclore é, principalmente, cultura espontânea. Cultura no ponto de vista antropológico cultural, como manifestação do sentir, pensar, agir e reagir do homem, vivendo em sociedade (...)”, definição da palavra Folclore, do Prof° Rossini Tavares de Lima (1915-1987) – Ex-Diretor do Museu de Artes e Técnicas Populares e Ex-Presidente da Comissão Estadual de Folclore e Artesanato.

Museu de Artes e Técnicas Populares
Tendo seu início em um pequeno museu mantido pelo Centro de Pesquisas Folclóricas “Mario de Andrade” em São Paulo.
Na década de 1960, o museu abrigava coleções de diversos artistas, entre eles, Tio Quincas, artista nascido em Patrocínio Paulista / SP em 1885, que viveu boa parte de sua vida em Franca / SP. Todos os seus quadros possuem uma motivação: Saudades da esposa, falecida em 1949.








O museu tem rico material do Estado de São Paulo, como o:
            - Cordão de Bichos: Folguedo Popular, que se apresentava no carnaval e outras festas, em Tatuí / SP. Organizado em 1928 por Vicente de Almeida e Aladim Ponce;
            - Malhação de Judas em Itu / SP: São confeccionados dois bonecos de papel e pano, que apresentam no interior da cabeça, dinheiro, balas e bombons. Os bonecos são destruídos no domingo de Páscoa;
O MATP possui coleção de quase cem instrumentos musicais folclóricos do Brasil, entre eles: Idiofones, Entrechoques, Sacudidos, raspados e Aero fone Livre.





Em junho de 1969, o Ex-Governador do Estado de São Paulo, destacou que o Museu de Artes e Técnicas Populares, “constitui-se num documentário vivo e não estático das manifestações folclóricas do homem brasileiro, em suas diversas expressões regionais”.

Após a morte de Rossini Tavares, o Museu teve seu nome alterado e passou por diversas mudanças. Em homenagem ao falecido professor, o Museu passa a se chamar Museu de Folclore Rossini Tavares e todo o seu acervo foi catalogado por uma empresa particular. O Museu e o seu acervo são considerados uma fonte importante de pesquisa história sobre a cultura popular brasileira. Grande parte do acervo do Museu de Rossini é itinerante e circula pelos museus do Brasil todo.  Essa e mais dezenas de informações relacionadas a folclore nacional e internacional podem ser encontrados aqui, no Acervo João Chiarini.

Reinaldo Diniz, aluno do terceiro semestre de Jornalismo, na UNIMEP
Pesquisa realizada no Acervo João Chiarini

sexta-feira, 14 de março de 2014

O dia da mulher



Comemorou-se, no dia 8 de março, o dia internacional da mulher, data marcada por uma luta que começa no início do século XX, com a 1ª Guerra Mundial e a utilização da mão de obra feminina, já sofrendo uma grande diferença salarial em relação aos homens, vivendo em condições insalubres e perigosas. O grande estopim para os protestos foi o incêndio  em uma fábrica de tecidos "Triangle Shirtwaist" de Nova Iorque, no ano de 1911. Por falha da própria empresa, mais de 140 operárias morreram. Quando o incêndio começou, as portas estavam fechadas.  Muitas operárias pularam das janelas quando viram que não tinham para onde correr. 

Fonte: Google

Em 1910, foi decidido em um conferência na Dinamarca, que o dia 8 de março seria o dia internacional da mulher, que marcasse as reivindicações de melhoria salarial, defesa do voto feminino, entre outros, mas apenas em 1975 a ONU decretou oficialmente a data.
No Brasil, a violência contra mulher é constante, e não datando apenas do século XX. Nos registros do Fórum criminalístico de Piracicaba e região, pertencentes hoje ao Centro Cultural Martha Watts, com registro de processos datando de 1801 a 1946, há centenas de registros de “defloramento” (termo usado durante o século XIX e início do XX para definir casos de estupro) registrados, não sendo possível dentre os 13.407 processos, estimar um número exato destes que são denúncias de agressão contra a mulher.
Como exemplo, um processo de 1933, em que o réu L.B.S. é denunciado pela própria mulher de ter “deflorado” a própria filha, L.B. contando treze para quatorze anos na época. L.B.S. usou como defesa o fato de ter sido tentado pelo diabo diversas vezes para que cometesse tal ato. O réu foi condenado.  Mas são raros os casos em que o réu é de fato condenado.
Acervo do Fórum.


Em 1983, uma brasileira, Maria da Penha, sofreu duas vezes tentativa de homicídio por parte do seu marido, uma com uma simulação de assalto e a segunda tentando a eletrocutar, como resultado das agressões físicas sofridas, ficou paraplégica. Dezenove anos depois seu ex-marido foi condenado e cumpriu pena de apenas oito anos. Com recursos jurídicos, foram acrescidos mais dois anos e hoje está livre.
Em sete de agosto de 2006, foi sancionada no Brasil a lei Maria da Penha, que aumenta o rigor das leis em defesa da mulher, uma conquista para mulheres de todo Brasil, que agora pode encontrar meios de defesa contra a violência doméstica e também uma delegacia especifica somente para atendê-las. No entanto, a luta para conquistar direitos e ter igualdade é diária, mesmo nas situações mais banais do dia a dia.

Tatiane Saglietti, aluna do quinto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no Acervo do Fórum.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Curt Nimuendajú


Seu verdadeiro nome era Curt Unkel, nascido em 1883 na cidade de Jena, na Alemanha, veio para o Brasil em 1903. Curt viveu em São Paulo até 1913 e depois em Belém do Pará.
Curt sempre teve interesse em estudar a vida cotidiana dos índios, sendo um grande defensor dos grupos indígenas, até que em 1914 saíram suas primeiras publicações sobre os índios brasileiros, com o seguinte título: “Zeitschrift Fur Ethnologie”. Na Alemanha, o etnólogo já assinava seus trabalhos como Curt Nimuendajú Unkel, sendo que posteriormente abandonou seu último nome para assinar somente como Curt Nimuendajú. O nome Nimuendajú lhe foi dado em 1906 pelos índios Apapócuva-Guarani. Deixou inúmeros manuscritos de valor para os estudantes de Etnografia Sul Americana.
Para Ilustrar quem foi Curt Nimuendajú Unkel:

Curt é o homem sentado ao centro da foto. Fonte: Google.


Durante toda sua vida Curt lutou a favor dos índios, contra todos  que os atacavam e deve-se a ele a pacificação dos Parintintin do rio Madeira, obtida em 1922. Suas campanhas exploratórias são inúmeras, contando-se entre as principais: Guaranis e Kaingangs da costa de São Paulo.
Acervo Jair Toledo Veiga/CCMW.

Ainda escreveu e manteve contatos com as seguintes tribos: Parintintin, Palikur, Mundurukú, Tukano, Tukuna, Xerente, Krahó, Canela e Botocudos.
Como resultado da sua colaboração em museus e universidades nacionais e estrangeiras, em 1932 foi lhe dado cidadania brasileira. Curt Nimuendajú foi um dos mestres em trabalhos de campo de Harald Schultz,  etnólogo do Museu Paulista.
 Curt Nimuendajú faleceu em 10 de dezembro de 1945 entre os índios Tukuna do rio Solimões, na Aldeia de Santa Rita, e suas cinzas estão guardadas no Museu Paulista da Universidade de São Paulo (Museu do Ipiranga).
Essa é uma das centenas de biografias contidas no acervo Jair Toledo Veiga. O acervo é aberto para pesquisa.


Tiago Favaris, aluno do quinto semestre do curso de Sistema de Informação da UNIMEP.

A pesquisa foi realizada no acervo Jair Toledo Veiga.