Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Memórias do Hospital de Juquery


Em 1898, o médico psiquiatra Francisco Franco da Rocha  fundou  uma das maiores colônias psiquiátricas no Brasil.


Somente em 1922 foi inaugurado um laboratório de anatomia que possibilitasse o desenvolvimento de estudos e acompanhamentos corretos dos pacientes do hospital. O resultado disso foi uma evolução na medicina psiquiátrica no Brasil.



O Centro Cultural Martha Watts possui no acervo “João Chiarini”  três volumes de livros de registros e acompanhamentos de casos  de alguns dos pacientes do hospital. Intitulado de “Memórias do hospício de Juquery” o primeiro titulo é do ano de 1924, sendo os outros dois volumes de 1930-31 e 1934-35.

Os livros estão disponíveis para pesquisa no Espaço Memória Piracicabana. 


Tatiane Saglietti, aluna do quinto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

O adeus a Luciano Guidotti



Foi numa tarde de domingo, exatamente no dia 07 de julho de 1968, às 16 horas, que Piracicaba recebe a notícia da morte do então prefeito da cidade, Comendador Luciano Guidotti. Vítima de um enfarto, Guidotti deixou uma dezena de condecorações e mais de cinqüenta diplomas honoríficos.




O acontecimento
Por volta de meio-dia, o prefeito almoçou no lar dos Velhinhos, na companhia do antigo Bispo Diocesano de Piracicaba, Dom Ernesto de Paula.
Às 14 horas, Guidotti retornou a sua residência onde pretendia repousar, até que começou a sentir-se mal.
Seu médico particular fora chamado, aplicando-lhe massagens cardíacas. A luta do Dr.José Eduardo de Mello Ayres redundou em vão, pois Guidotti não resistiu.
Segundo pessoas presentes, enquanto o médico lhe prestava assistência, o prefeito, em plena lucidez disse “Não adianta mais. Chegou a minha vez”.
A prefeitura, por meio do vice-prefeito Nélio Ferraz de Arruda, declarou luto por três dias e ponto facultativo nas repartições municipais, nos próximos dois dias que se seguiram o falecimento.




A última missa
Às 5h10, do dia 08 de julho, a Santa Missa pela alma do Comendador Guidotti, foi celebrada pelo Dom Aniger Melilo e outros co-celebrantes, na Catedral de Santo Antônio.
Ao iniciar-se a liturgia, o Céu estava encoberto. No momento exato em que um dos celebrantes iniciava a leitura da Epístola, o Sol começou a aparecer em toda sua plenitude. Foi quando o celebrante lia um trecho da bíblia: “A luz perpétua o ilumine!”.
Cerca de 2.000 pessoas comprimiam-se dentro do templo.
Repórteres do jornal "O Diário" relataram que foi preciso acudir um dos coroinhas que engasgava com a abundância da fumaça que saía do turíbulo.
O sepultamento ocorreu às 18 horas, sendo a última palavra do empossado prefeito Ferraz de Arruda:  “Luciano, adeus!”.
Mais informações sobre a morte do prefeito Luciano Guidotti, entre outras informações, pode ser encontrada no acervo do extinto jornal O Diário (1935-1992), localizado aqui no Centro Cultural Martha Watts.



Reinaldo Diniz, aluno do terceiro semestre de Jornalismo, na UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo O Diário.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

História do Futebol no Brasil


Ao longo de sua vida, Rocha Netto reuniu muitos livros que contam a História do Futebol. Um deles é de autoria de Tomas Mazzoni “História do Futebol no Brasil, 1894-1950”, com 130 ilustrações.

Mazzoni conta desde os primórdios do futebol no Brasil, os primeiros clubes, seus diretores e jogadores. Fotos raras de jogos e times fazem parte do livro:










Tomas Mazzoni foi um jornalista da Gazeta Esportiva e era também amigo de Rocha Netto.



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no Acervo Rocha Netto.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

50 mil herdeiros de mãos abanando



No jornal O Estado de São Paulo, 6 de fevereiro de 1982, traz uma reportagem sobre o mais longo processo do judiciário brasileiro, que levou 108 anos para ter uma resolução. O processo é sobre a herança do comendador Domingos Faustino Correa.
            Domingos foi um comendador da Ordem de Cristo, no Brasil Imperial, recebeu o título de Dom Pedro II em 10 de outubro de 1827, pelo motivo de ter abastecido as tropas brasileiras durante Guerra do Paraguai. Domingos nasceu em Portugal, no dia 4 de setembro de 1790, e faleceu no Rio Grande do Sul, em 1873. Toda esta confusão se deu devido a seu testamento confuso onde o próprio comendador escreve:
            “(...) filhos, netos e descendentes de outros sete irmãos tinham conhecimento de quais seriam seus bens (...)”. O Estado de São Paulo, 6 de fevereiro de 1982, pág.7.
            A partilha dos bens ocorreu logo após a morte comendador, mas o problema é que Faustino não tinha declarado bens que o mesmo adquirira. Depois de ter escrito o testamento, estes bens só foram anexados ao processo de herança em 1887, e por diversas vezes esta partilha de bens foi contestada, mas o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sempre a considerou correta. Em 1894 ouve um acordo que mandou sobrepartilhar bens do primeiro inventariante o médico Alfredo da Silva, que obteve lucros com aluguel das propriedades de Domingos, mas 60 anos depois novos bens começaram a aparecer, por descendestes de descendestes de Faustino, que somente foram anexados ao processo em 1973, cem anos depois da morte do comendador. Perante a Lei, a justiça determina um tempo máximo de trinta anos para o decorrer do processo de partilha de bens ou herança. Vencido este prazo , é declarado então “Morte do direito” e o processo deve ser concluído e arquivado.

            No entanto, em 1973, o Juiz responsável pelo processo poderia simplesmente ter alegado a tal “Morte do direito” ou “Decadência”, que são a mesma coisa, mas levou em consideração o apelo de milhares de pessoas que afirmavam que o comendador tinha uma fortuna não declarada. Segundo o próprio juiz:
            “(...) acreditavam existir uma imensa fortuna, com apêndice para desfazer com mito da herança, examinei, na sentença, a situação de um a um todos os bens, mostrando que todos são de propriedade de terceiros, alguns não existem e nada restou para ser partilhado (...)”. O Estado de São Paulo, 6 de fevereiro de 1982, pág.7.
            Todos os supostos herdeiros, mais de 50 mil em diversos países, como o Brasil, a Argentina, Uruguai, Paraguai, Estados Unidos e até Europa esperavam receber alguma parte dos 3 trilhões de cruzeiros que teriam sidos deixados pelo comendador. O processo foi composto de 1.250 volumes, 500 mil folhas e mais de 360 advogados estiveram envolvidos no processo. Foram dadas mais de dez sentenças, e é considerado o mais longo processo do judiciário brasileiro. O desfecho disso tudo foi dado pelo juiz, que encerrou o caso e ninguém recebeu nada, pois foi extinto o prazo de partilha de bens do comendador para terceiros. Os bens fora do Brasil, uma fazenda na República do Uruguai de 600 mil hectares, ficavam fora da jurisdição do poder judiciário, e não existia base legal para a partilha da mesma, todos os herdeiros ficaram de mãos abanando.


Tiago Favaris, aluno do quinto semestre do curso de Sistema de Informação da UNIMEP.

A pesquisa foi realizada no acervo Jair Toledo Veiga.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A violação do respeito




O estupro pela constituição brasileira (dada pela Lei nº 12.015, de 2009): Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de seis (seis) a 10 (dez) anos.
Este não é um assunto novo, definitivamente. Recentemente, foi divulgada uma polêmica pesquisa realizada pelo IPEA no dia 27/03/2014, em que 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". Críticas a parte sobre a metodologia da pesquisa, o tema principal é o que vem ao caso. O estupro.
Como já foi comentado no blog no dia 14/03/2014, a violência contra a mulher é ainda muito presente nas entranhas da sociedade brasileira, apesar das leis de proteção que apoiam e auxiliam as mulheres que sofrem esse tipo de violência. A própria sociedade que cria estas leis muitas vezes não esta preparada para lidar com a situação psicológica e até mesmo social que se encontram as mulheres que sofrem esses abusos.
Para demonstrar como esse assunto era tratado, recorremos mais uma vez ao fórum criminalístico de Piracicaba e região (1801 a 1946), com acervo pertencente ao centro cultural Martha Watts. O processo do ano de 1918 nos conta a historia de uma moça, M. L. que, grávida, se hospedou em uma casa de tolerância (uma espécie de pensionato) de Piracicaba. Uma noite, enquanto dormia , adentrou seu quarto o Senhor L.P., alcoolizado cometendo com ela ato sexual com grande violência e a empurrando na cama, onde bateu a barriga. Depois deste dia, M.L. começou a sentir se muito mal e com fortes dores, teve então um parto prematuro (seis meses) e seu filho nasceu morto. Quando questionado, o Senhor L.P. diz não ter recordações de ter cometido tal ato, e nem se recordava da moça M.L.. O caso foi arquivado, sem punição do acusado.

Essa é apenas uma dentre tantas histórias de impunidade de casos dessa natureza aqui no Fórum. Em uma sociedade que se diz em progresso, o julgamento precoce de uma vítima não deveria fazer parte do discurso. Não depende da roupa que você usa, não importa se ele é seu marido, não importa se ela é prostituta, não importa as atitudes que ela já tenha tomado na vida, ou mesmo, se é uma pessoa incapacitada de responder por seus atos no momento (seja por utilização de drogas ou álcool, ou mesmo por incapacidade física). O respeito é igual para todos. Quando digo não... é não!





Tatiane Saglietti, aluna do quinto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no Acervo do Fórum.