Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Moda de viola!



Nesse mês de agosto comemoramos o Folclore Brasileiro! Piracicaba ainda é uma cidade repleta de atividades culturais e o Centro de Folclore de Piracicaba, criado por João Chiarini em 1946, teve um papel crucial para a propagação e democratização da cultura popular da cidade.

Entre suas centenas de documentos sobre o CFP, cadernos com música popular, a moda de viola, se destacam. Chiarini reunia todos os documentos que recebia e compilava em cadernos. Muitas das músicas são anotações feitas por ele mesmo, outras são originais recebidos de violeiros.



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.

Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Contra a loucura nuclear


A edição de número 202 do jornal Movimento de 1979 trazia entre suas matérias sobre o julgamento de torturadores da ditadura e a história de Lula e do movimento dos metalúrgicos da região ABC, um pequeno texto intitulado “A grande marcha contra a loucura nuclear”.

O texto em questão relatava a maior manifestação que o povo americano já havia presenciado desde o fim da guerra do Vietnã onde, cerca de 120 mil pessoas se reuniram em Washington para protestar contra as centrais de energia nuclear.
Frases como “A população primeiro que os lucros”, “Parem com a loucura nuclear” e “Eu sobrevivi a Three Mile Island” marcavam os cartazes.

O principal incentivo para a manifestação foi um derretimento nuclear na usina de Three Mile Island naquele mesmo ano. O derretimento é classificado hoje em dia como um dos piores acidentes nucleares da história. Entre os manifestantes se encontravam grandes personalidades como a atriz Jane Fonda, conhecida na época por sua atuação em A Noite dos Desesperados e atualmente pela série Grace e Frankie, e o ex-governador da Califórnia Jerry Brown.

Como resposta a manifestação, diversas organizações responsáveis pelo desenvolvimento dos centros nucleares se pronunciaram em unanimidade a favor da suspensão das construções até ser provado que as mesmas eram seguras para trabalhadores e para a população ao redor.

Até o ano de 2016, segundo a ONG World Nuclear Power, a França era o líder mundial em dependência de energia nuclear com 77,7% de sua energia provida este tipo de fonte. Já os Estados Unidos, em 2018, estuda eliminar suas usinas, pois apenas 9% da energia utilizada no país é nuclear.


Sttefanie Erescov, aluna no quinto semestre de Jornalismo da Unimep.
Pesquisa realizada no acervo jornal Movimento.


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Marginália


“Marginália” reúne contos, artigos, críticas de Lima Barreto. A crítica a alta sociedade e ao governo do Rio de Janeiro do período (1922) é uma delas (críticas inclusive bem atuais):

“Hotel, 7 de setembro
Li nos jornais que um grupo de senhoras da nossa melhor sociedade e gentis senhoritas inauguraram com um chá dançante, a dez mil-réis a cabeça, o Hotel do Sr. Carlos Sampaio, nas encostas do morro da Viúva. Os resultados pecuniários de semelhante festança, segundo diziam os jornais, das quais as referidas senhoras e senhoritas, agremiadas sob o título de “Pequena Cruzada”, se fizeram espontâneas protetoras.
Ora, não há nada mais belo que a Caridade; e, se não cito aqui um profundo pensamento a respeito, motivo é não ter ao alcance da mão um dicionário de “chapas”.
Se o tivesse, os leitores veriam como eu ia além do esteta Antonio Ferro, que saltou no cais Mauá, para nos ofuscar, com os seus trapos de José Estevão, Alexandre Herculano e outros que tais!
Felizmente não o tenho e posso falar simplesmente – o que já é uma vantagem. Quero dizer que semelhante festa, a dez mil-réis a cabeça, para proteger crianças pobres, é uma injúria e uma ofensa, feita a essas mesmas crianças, num edifício em que o governo da cidade gastou, segundo ele próprio confessa, oito mil contos de réis.  Pois é justo que a municipalidade do Rio de Janeiro gaste tão vultosa quantia para abrigar forasteiros ricos e deixe sem abrigo milhares de crianças pobres ao léu da vida?
O primeiro dever da Municipalidade não era construir hotéis de luxo, nem hospedarias, nem zungas, nem quilombos, como pensa Sr. Carlos Sampaio. O seu primeiro dever era dar assistência aos necessitados, toda a espécie de assistência.
Agora, depois de gastar tão fabulosa quantia, dar um bródio para minorar o sofrimento da infância desvalida, só uma coisa resta dizer à edilidade: passem bem!
Um dia é da caça e outro é do caçador. Digo assim, para não dizer em latim “Hodie mihi, cras tibi”.
Nada mais ponho na carta. Adeus.
Careta, 1922.”

No acervo de João Chiarini encontramos alguns livros de Lima Barreto e todos estão disponíveis para pesquisa.

Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.