Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Brasil Negro – Acervo Biblioteca Rocha Netto

Antonio Messias Galdino era piracicabano, jornalista, advogado e professor. Em 1988, Galdino resolveu publicar um livro com alguns artigos que tinha escrito para o Jornal de Piracicaba em razão do Centenário da Abolição da Escravatura no Brasil. O livro faz parte da biblioteca do acervo Rocha Netto.

“Iniciamos, então, alguns artigos, com a finalidade de participar com algumas ideias, reflexões, pensamentos sobre a extinção legal da Escravatura no Brasil e como se encontravam os descendentes dos escravos, cem anos depois da promulgação da lei libertária.”
Galdino

“Os fatos apresentados, os testemunhos, constituem uma forma de contribuição para o conhecimento, para a conscientização da sociedade brasileira que finge desconhecer, ignorar a discriminação racial, e o preconceito racial e social dos negros em nosso país, cem anos depois da promulgação da Lei Áurea.”

Os temas abordados no livro são diversos, como a culinária africana, o negro na política, no futebol, a música africana, o folclore afro-brasileiro.


Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.

Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Piracicaba dos anos 60

Tudo mudou na década de 60. O homem chegou à Lua, o Brasil sofreu um golpe e entrou em um Regime Militar, o mundo conhecia os Beatles, a pílula anticoncepcional surgia e aumentava-se o número de passeatas e protestos em favor de minorias. A década de 60 foi um período de grandes mudanças para o mundo todo e aqui no interior paulista isso ressoava juntamente com o progressismo que a década trazia.

Conhecida como a “Cidade das Avenidas”, Piracicaba passou por um dos períodos mais revolucionários urbanisticamente de sua história, com uma taxa de urbanização de 92,3% e a construção de grandes avenidas como a Saldanha Marinho, Carlos Botelho e Armando Salles de Oliveira, esta última sendo construída em cima do córrego Itapeva, um grande marco da engenharia na época. O prefeito em gestão, Luciano Guidotti, exibia com orgulho os títulos de “Cidade Mais Progressista do Brasil”, eleita por três anos consecutivos pelo governo de Juscelino Kubitschek. Ainda na gestão de Luciano Guidotti, foi inaugurado o tão esperado Estádio Municipal, uma nova casa para o time de coração da cidade, o XV de Novembro de Piracicaba. O preço do progresso também chegou. Nascia a primeira favela, a do Algodoal, em 1961.

A cidade estava se preocupando mais com o lazer e a cultura, aumentando o número de festivais de artes, música e artes cênicas. O Teatro Municipal (atual e desativado Dr. Losso Netto) foi finalmente criado, uma “casa de arte” prometida por Luciano Guidotti após longa espera depois que o Teatro Santo Estevam foi demolido. Porém o prédio foi entregue apenas 9 anos depois, em 1978.


Foi também na década de 60 que houve a trágica queda do Comurba, ou Edifício Luiz de Queiroz, um grande e cobiçado prédio que ficava no centro da cidade, chamado em um anúncio de 1960 no Jornal de Piracicaba de “o mais atraente Shopping Center de Piracicaba”. O desabamento foi em 1964, porém se entendeu numa novela que durou mais de uma década, até a retirada dos últimos escombros, que ficava na Praça José Bonifácio.


 Neste mesmo prédio funcionava o Cine Plaza, que foi completamente destruído enquanto se preparava para a sessão das 14h. No entanto, os piracicabanos não ficaram sem essa opção de divertimento, pois a cidade ainda possuía mais de três mil poltronas distribuídas entre cinco cinemas, atraindo principalmente os jovens que viveram nos “Anos Rebeldes”, desfilando suas minissaias e ouvindo muito Rock’n Roll. 


As crianças tinham como opção os parques infantis, com “playground completo, repleto de gangorras, balanços, tanques de areia, quadrados para trepar [...] e até piscina”. Haviam 12 desses espaços na cidade e com planejamento de construção de mais 24 parques em bairros mais afastados e na zona rural.



O famoso Parque do Mirante, os restaurantes campestres e a pescaria eram as principais atrações da cidade. Nesta década também foram criados duas boates ou “Restaurantes Dançantes” de acordo com a Folha de Piracicaba.

O edifício Trinity era demolido da noite para o dia para a construção do prédio Centenário (atual Colégio Piracicabano), com a intenção de fazer a implantação dos cursos superiores no Instituto Educacional Piracicabano, que na década seguinte daria origem à Universidade Metodista de Piracicaba. 


No Bicentenário da cidade, em 1º de agosto de 1967, foi publicado os seguintes números no Diário Oficial do município: “Piracicaba possui 7 hotéis, 5 cinemas, 2 clubes de campo, 3 rádios emissoras, 4 jornais diários, 5 clubes recreativos, 2 museus, 29 associações esportivas e recreativas, 4 associações de pesquisas científicas, 1 Centro de Folclore, 1 Associação de Cultura Artística, 20 agências bancárias e 502 estabelecimentos industriais”.



Fontes consultadas:
Site A Província
Acervo Jornal de Piracicaba (disponível no Espaço Memória)
Acervo Gazeta Esportiva (disponível no Espaço Memória)
Acervo Folha de Piracicaba (disponível no Espaço Memória)


Thaís Passos da Cruz, estudante do curso de Jornalismo da UNIMEP. 
Pesquisa realizada no acervo do jornal O Diário.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Greve na fazenda

Um processo jurídico do fórum de Piracicaba, datado de 1903, descreve uma greve que foi classificada inicialmente como pacífica. O Interessante nele é destacar que o processo é longo, tem cerca de 37 páginas e foram necessárias oito testemunhas para que o caso fosse melhor analisado.
            A greve começou no dia 27 de outubro por volta das seis horas da manhã na fazenda Taquaral, de propriedade de Luis Fabiani, natural da Itália. Fabiani mandara seu feitor Marcelino Gonçalves Adorno resolver o problema da greve e fazer com que todos voltassem ao trabalho. Os grevistas entraram na casa de João Fancci (um dos trabalhadores da fazenda) e aguardaram que Fabiani viesse para fazer um acordo com eles.
Nesta parte do processo há duas versões. A primeira versão é que o patrão foi ao encontro dos colonos portando um revólver ao lado de seus “capangas”, entre estes estava o feitor Marcelino G. Adorno e com uma foice tentou abrir a porta, e todos ouviram então um barulho de tiro de dentro da casa. Nessa versão se atribuiu este tiro ao colono Luiz Lavarazzo, que realmente estava entre os grevistas. A segunda versão é que quando o feitor Marcelino G. Adorno abre a porta com a foice, o patrão Luis Fabiani começou a atirar e algumas das balas atingiram o feitor.
Depois do ocorrido o feitor foi levado ao consultório do Doutor Alfredo Cardoso para ser socorrido. Nisso o delegado da cidade, o Major João Baptista Pedreira o interroga. Marcelino declarou que quem atirou nele foi Luiz Lavarazzo. No decorrer do processo o nome de Luiz Lavarazzo também aparece como Luigi, levando em conta que este colono é natural da Itália.
O processo só se desencadeou por conta de uma declaração feita por Maria Antonia Romeu, que pelo júri foi considerada a menos suspeita por ela ter afirmado não ser grevista. Porém, segundo consta no documento, Maria não tinha interesse em contrariar os colonos da fazenda.



 Com o decorrer do processo o júri declarou Luiz Lavarazzo como culpado, sendo preso no dia 02 de maio de 1904. Infelizmente, ao longo do processo, não é especificado o motivo da greve.


Ana Paula das Neves, estudante do 6º semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo do Fórum.





segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Saudosos bondinhos em Piracicaba

O ônibus nem sempre foi o único meio de transporte no horizonte da cidade a locomover as massas. Os mais velhos se lembram de um tempo onde bondes faziam a ligação do centro com os principais pontos da cidade. Piracicaba chegou a ter 5 bondes, um bonde reboque e uma linha de trilhos que ligavam da Av. Dr. Paulo de Morrais, Rua Boa Morte, Rua do Rosário, Av. Rui Barbosa, Rua São João, Av. Carlos Botelho.  Os bondes faziam o transporte de trabalhadores, visitantes, donas de casa e estudantes, esses em específico foram os mais beneficiados pelos bondes. A primeira linha ligava a Praça José Bonifácio, no centro da cidade, a ESALQ, sendo também a última a operar.

Foi no ano de 1916 que os Bondes elétricos passaram a operar na cidade através da empresa estadunidense, The Southem Brasil co. Limited. A partir de 1950 a prefeitura passa a administrar os bondes e, em 1967, encerra as linhas da Vila Rezende e da Paulista. A linha da ESALQ só será fechada dois anos depois.

No espaço memória piracicabana, é possível encontrar documentos que nos mostra a relação da cidade com o bonde. Utilizado muito pelos estudantes, existia até um Passe Escolar, fornecido pela prefeitura, um talão com 50 bilhetes de uso exclusivo do aluno, que deveria previamente preencher com seus dados estudantis. O Talão, datado de 1954, que se encontra no acervo Jair Toledo Veiga, não está preenchido e com algumas folhas destacadas do seu provável uso.




Maycon Costa, estudante do 4º semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo Jair Toledo Veiga.



Informações gerais coletadas nos seguintes sites:



terça-feira, 1 de agosto de 2017

Piracicaba completa 250 anos!

Para homenagear a noiva da colina, fica aqui um singelo registro de Flavio Toledo Piza sobre nossa cidade, as impressões que teve quando começou a morar aqui, seus pontos que mais chamaram sua atenção. 

O texto foi publicado em 1º de agosto de 1963 no Jornal de Piracicaba, em um especial de aniversário da cidade.

“Repito que a beleza em Piracicaba tudo contagia. É uma beleza espiritualizada, inacessível às definições, mas que um dia chega a transluzir até o gesto dos insanos.”


Durante todo esse mês também faremos homenagem à cidade na página do facebook do Centro Cultural ( https://www.facebook.com/centroculturalmarthawatts/ ). Publicaremos fotos do acervo de João Chiarini, imagens da cidade, nostálgicas para alguns, curiosas para muitos outros.  O fato é que a cidade mudou muito ao longo do tempo e as imagens nos ajudam a ver essas grandes transformações.