O medo do levante de escravos acarretou punições severas por parte das autoridades.
Passada a epidemia de varíola
vista no post anterior, o medo ainda reinava entre a população da cidade, foi
quando “principiaram vagos rumores de um possível levante de escravos...”.
A repressão policial então foi
redobrada na cidade, a elite ficou com medo de tal movimentação. Foi nesse
momento que conseguiram ligar um mascate francês ao futuro protesto. Até hoje não se sabe quem era o mascate, mas
ele era visto “(...) perambulando de engenho a engenho, fazer-se conhecido e
penetrar na intimidade dos negros, com os quais estabelecia a maior parte do
comércio. O estrangeiro era assim uma espécie de agitador e de agente de
ligação entre os escravos espalhados nas
localidades, que desde muito planejavam suponha-se, um movimento libertador.
Ficou provado a sua co-participação no caso, não só na função de mentor, mas
também na de portador de notícias e instruções dos cabecilhas.”Nunca
conseguiram identificar quem era o francês.
Quando descobriram os escravos envolvidos,
a polícia prendeu um por um, muitos foram açoitados em praça pública, no
“Pelourinho”, “abriu-se devassa e prenderam –se numerosos negros que conduzidos
ao Pelourinho, metidos no tronco, açoitados a bacalhau (em doses astronômicas,
a 50 chibatadas por dia, salvo nos domingos e dias santos, nos quais o carrasco
ia ouvir a missa conventual) e supliciados(...)”. No fim, o caso foi arquivado.
Interessante ver como o negro era
tratado pelos políticos e pela elite local e como as ideias estrangeiras, de
revolução, conseguiram fazer eco em uma cidade provinciana como Piracicaba.
Vivian
Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo: Jair
Toledo Veiga.