Auguste de Sante-Hilaire
nasceu em Nova Orleans, em 1779, dez anos antes da Revolução Francesa, vindo a
morrer em setembro de 1853. Veio ao Brasil, com a missão específica de estudar
o Novo Mundo, em 1816. Na biblioteca de João Chiarini, encontramos o livro “Viagem
à província de São Paulo” e nele é possível rever São Paulo, conhecer detalhes
da cidade, os costumes, a geografia, a fauna e a flora.
No capítulo IV temos a
“Descrição da cidade de São Paulo”:
“Não somente é
encantadora a localização de São Paulo,
como aí se respira um ar muito puro. O número de casas bonitas é bastante
grande, as ruas não são desertas como as de Vila Rica (Ouro Preto), os
edifícios públicos são bem conservados, e o visitante não se vê afligido, como
na maioria das cidades e arraiais de Minas Gerais, por uma aparência de
abandono e miséria.”
“Achei as moradas dos
habitantes mais graduados de São Paulo tão bonitas por fora quanto por dentro. O
visitante é geralmente recebido numa sala muito limpa, mobiliada com gosto. As paredes
são pintadas de cores claras, e as das casas antigas são ornadas com gosto. As paredes
são pintadas de cores claras, e as das casas antigas são ornadas com figuras e
arabescos. Nas recentes, as paredes são lisas, com cercaduras e lambris, à semelhança
do nosso estilo europeu. Como não haja lareiras, os objetos de enfeite são
colocados sobre as mesas, como, por exemplo, castiçais, frascos de cristal,
relógios de pêndulo, etc. Comumente, também, as salas são ornadas de gravuras,
as quais, entretanto, são constituídas pelo refugo das lojas européias. Era tão
pouca a noção de arte do povo do lugar, à época de minha viagem, que eles nunca
deixavam de me chamar para admirar suas obras-primas.”
“Os indígenas que se
apresentaram diante dos paulistas pertenciam a duas tribos diferentes, a dos
canes e a dos votorons. Os primeiros eram dóceis e cordatos, os segundos
altaneiros e ferozes. Entretanto, as duas tribos conviviam em grande harmonia,
unidas provavelmente pelo ódio implacável que ambas dedicavam a uma terceira, a
dos dorins.”
Esses e outros relatos muito
interessantes podem ser encontrados no livro de Saint-Hilaire. O livro é
disponível para consulta no acervo João Chiarini, localizado no Espaço Memória
Piracicabana.
Vivian
Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.