Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

,

Pages

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Piracicaba dos anos 60

Tudo mudou na década de 60. O homem chegou à Lua, o Brasil sofreu um golpe e entrou em um Regime Militar, o mundo conhecia os Beatles, a pílula anticoncepcional surgia e aumentava-se o número de passeatas e protestos em favor de minorias. A década de 60 foi um período de grandes mudanças para o mundo todo e aqui no interior paulista isso ressoava juntamente com o progressismo que a década trazia.

Conhecida como a “Cidade das Avenidas”, Piracicaba passou por um dos períodos mais revolucionários urbanisticamente de sua história, com uma taxa de urbanização de 92,3% e a construção de grandes avenidas como a Saldanha Marinho, Carlos Botelho e Armando Salles de Oliveira, esta última sendo construída em cima do córrego Itapeva, um grande marco da engenharia na época. O prefeito em gestão, Luciano Guidotti, exibia com orgulho os títulos de “Cidade Mais Progressista do Brasil”, eleita por três anos consecutivos pelo governo de Juscelino Kubitschek. Ainda na gestão de Luciano Guidotti, foi inaugurado o tão esperado Estádio Municipal, uma nova casa para o time de coração da cidade, o XV de Novembro de Piracicaba. O preço do progresso também chegou. Nascia a primeira favela, a do Algodoal, em 1961.

A cidade estava se preocupando mais com o lazer e a cultura, aumentando o número de festivais de artes, música e artes cênicas. O Teatro Municipal (atual e desativado Dr. Losso Netto) foi finalmente criado, uma “casa de arte” prometida por Luciano Guidotti após longa espera depois que o Teatro Santo Estevam foi demolido. Porém o prédio foi entregue apenas 9 anos depois, em 1978.


Foi também na década de 60 que houve a trágica queda do Comurba, ou Edifício Luiz de Queiroz, um grande e cobiçado prédio que ficava no centro da cidade, chamado em um anúncio de 1960 no Jornal de Piracicaba de “o mais atraente Shopping Center de Piracicaba”. O desabamento foi em 1964, porém se entendeu numa novela que durou mais de uma década, até a retirada dos últimos escombros, que ficava na Praça José Bonifácio.


 Neste mesmo prédio funcionava o Cine Plaza, que foi completamente destruído enquanto se preparava para a sessão das 14h. No entanto, os piracicabanos não ficaram sem essa opção de divertimento, pois a cidade ainda possuía mais de três mil poltronas distribuídas entre cinco cinemas, atraindo principalmente os jovens que viveram nos “Anos Rebeldes”, desfilando suas minissaias e ouvindo muito Rock’n Roll. 


As crianças tinham como opção os parques infantis, com “playground completo, repleto de gangorras, balanços, tanques de areia, quadrados para trepar [...] e até piscina”. Haviam 12 desses espaços na cidade e com planejamento de construção de mais 24 parques em bairros mais afastados e na zona rural.



O famoso Parque do Mirante, os restaurantes campestres e a pescaria eram as principais atrações da cidade. Nesta década também foram criados duas boates ou “Restaurantes Dançantes” de acordo com a Folha de Piracicaba.

O edifício Trinity era demolido da noite para o dia para a construção do prédio Centenário (atual Colégio Piracicabano), com a intenção de fazer a implantação dos cursos superiores no Instituto Educacional Piracicabano, que na década seguinte daria origem à Universidade Metodista de Piracicaba. 


No Bicentenário da cidade, em 1º de agosto de 1967, foi publicado os seguintes números no Diário Oficial do município: “Piracicaba possui 7 hotéis, 5 cinemas, 2 clubes de campo, 3 rádios emissoras, 4 jornais diários, 5 clubes recreativos, 2 museus, 29 associações esportivas e recreativas, 4 associações de pesquisas científicas, 1 Centro de Folclore, 1 Associação de Cultura Artística, 20 agências bancárias e 502 estabelecimentos industriais”.



Fontes consultadas:
Site A Província
Acervo Jornal de Piracicaba (disponível no Espaço Memória)
Acervo Gazeta Esportiva (disponível no Espaço Memória)
Acervo Folha de Piracicaba (disponível no Espaço Memória)


Thaís Passos da Cruz, estudante do curso de Jornalismo da UNIMEP. 
Pesquisa realizada no acervo do jornal O Diário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário