Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

,

Pages

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Greve na fazenda

Um processo jurídico do fórum de Piracicaba, datado de 1903, descreve uma greve que foi classificada inicialmente como pacífica. O Interessante nele é destacar que o processo é longo, tem cerca de 37 páginas e foram necessárias oito testemunhas para que o caso fosse melhor analisado.
            A greve começou no dia 27 de outubro por volta das seis horas da manhã na fazenda Taquaral, de propriedade de Luis Fabiani, natural da Itália. Fabiani mandara seu feitor Marcelino Gonçalves Adorno resolver o problema da greve e fazer com que todos voltassem ao trabalho. Os grevistas entraram na casa de João Fancci (um dos trabalhadores da fazenda) e aguardaram que Fabiani viesse para fazer um acordo com eles.
Nesta parte do processo há duas versões. A primeira versão é que o patrão foi ao encontro dos colonos portando um revólver ao lado de seus “capangas”, entre estes estava o feitor Marcelino G. Adorno e com uma foice tentou abrir a porta, e todos ouviram então um barulho de tiro de dentro da casa. Nessa versão se atribuiu este tiro ao colono Luiz Lavarazzo, que realmente estava entre os grevistas. A segunda versão é que quando o feitor Marcelino G. Adorno abre a porta com a foice, o patrão Luis Fabiani começou a atirar e algumas das balas atingiram o feitor.
Depois do ocorrido o feitor foi levado ao consultório do Doutor Alfredo Cardoso para ser socorrido. Nisso o delegado da cidade, o Major João Baptista Pedreira o interroga. Marcelino declarou que quem atirou nele foi Luiz Lavarazzo. No decorrer do processo o nome de Luiz Lavarazzo também aparece como Luigi, levando em conta que este colono é natural da Itália.
O processo só se desencadeou por conta de uma declaração feita por Maria Antonia Romeu, que pelo júri foi considerada a menos suspeita por ela ter afirmado não ser grevista. Porém, segundo consta no documento, Maria não tinha interesse em contrariar os colonos da fazenda.



 Com o decorrer do processo o júri declarou Luiz Lavarazzo como culpado, sendo preso no dia 02 de maio de 1904. Infelizmente, ao longo do processo, não é especificado o motivo da greve.


Ana Paula das Neves, estudante do 6º semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo do Fórum.





Nenhum comentário:

Postar um comentário