Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Flora Blummer

Miss Marta Watts definitivamente mudou a identidade da sociedade piracicabana no final do século XIX. Ainda moça, mudou-se com os pais para Louisville, nos Estados Unidos, onde se formou professora e, nesta época, a eminente guerra entre norte e sul finalmente explodiu  levando milhares de soldados confederados e da união a morte, entre eles, o noivo de Martha Watts.
            Anos após a tragédia, Miss Watts passou a servir como missionária da Igreja Metodista e, no final do século XIX, muda-se para Piracicaba, com o objetivo de fundar um colégio.
Apesar de ter encontrado dificuldades para se adaptar a costumes tão diferentes, Martha Watts encontrou muito apoio e amizade com a família de Prudente de Moraes e no próprio grupo norte americano que a acompanhou na viagem.

Em 13 de setembro de 1881 é inaugurado o “Colégio Piracicabano”, naquela época com apenas uma aluna, Maria de Azevedo Escobar, pois o ano letivo já estava se finalizando. Nessa época, como o colégio ainda não tinha uma sede própria ele foi estabelecido em uma casa alugada, no largo da matriz.

No ano de 1881, Martha Watts conhece a família Blummer, mais especificamente Pedro Blummer, que era descendente de alemães luteranos e, entre eles, também conhece a escrava Flora Maria. Apesar de proveniente dos estados confederados dos Estados Unidos, Martha Watts compactuava das teses anti-escravistas. A família Blummer decide entregar Flora aos cuidados de Martha e esta decide dar alforria para Flora. Flora, então escrava a 42 anos, recebe sua alforria, assinada por Prudente de Moraes, em 1881.  
Flora se tornou uma figura muito querida pelas alunas e alunos no colégio Piracicabano e também por Martha Watts, que lhe deu um emprego remunerado na cozinha do colégio. Passou a ser chamada de Tia Flora, era uma pessoa doce e contadora de causos, tratava as alunas como filhas, era fluente em inglês ( Flora, sempre que possível, viajava para os Estados Unidos com Martha Watts e William Koger, pioneiro metodista em Piracicaba), mas sempre procurava treinar seus estudos com as professoras e missionárias.
Aos sessenta anos foi acometida pela idade, com o corpo já bastante cansado dos anos de trabalho, recebeu toda assistência material, moral e espiritual de Martha Watts, mas em julho de 1892, veio a falecer, tendo sido todos os custos funerários custeados pelo colégio.
Em 2003, quando inaugurado o Centro Cultural Martha Watts, um de seus ambientes foi batizado com o nome de “Café Flora”, para que sua história seja sempre recordada na memória dos alunos e visitantes.




Tatiane Saglietti, aluno do sexto semestre do curso de História da UNIMEP.

Pesquisa realizada no acervo “Jair Toledo Veiga”.

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