Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ao lugar supremo por veredas estreitas



No acervo Jair de Toledo Veiga encontra-se um exemplar do, ”Nosso Jornal, Homenagem aos homens de cor de Piracicaba, de 13 de Maio de 1960”, nele encontramos um artigo sobre Flora Maria Blumer de Toledo com o titulo de “Ad augusta per augusta”.



Flora nasceu por volta de 1833, escrava da fazenda de Matias Dias de Toledo, sempre trabalhou em serviços domésticos na casa de seu senhor. A mesma adquiriu hábitos, talentos e conhecimento, permanecendo 42 anos sobre a propriedade de Matias. Em 19 de abril de 1875 foi vendida a Pedro Blumer, descendente de alemães luteranos que residiam em Piracicaba.
O ano era 1881, Miss Martha Hite Watts viera dos Estados Unidos com o propósito de fundar um colégio, conheceu Pedro Blumer, tendo feito amizades com sua família, os quais pelo ano de 1883 vieram a congregar na igreja Metodista.
            O Colégio Piracicabano crescia e achava-se necessário contratar uma cozinheira. Martha conhecendo Flora e conversando com os Blumers juntamente com Prudente de Moraes, Governador da Província de São Paulo, decidiram alforriar a escrava e contrata-la como funcionaria do Colégio.
            Tia Flora como era chamada pelas crianças do Colégio era admirada por elas, e em noites frias a mesma reunia as crianças em volta de seu fogão para aquecê-las e dava um doce a cada uma, e quando as meninas sentiam-se sozinhas longe de casa era Flora que as confortava e encorajava, tendo amor e respeito das mesmas.
            Em pleno regime monárquico e escravagista, Tia Flora mantinha amizade intima com as professoras do Colégio que a ensinaram Inglês, idioma que falava fluentemente, havendo feito uma viagem para os Estados Unidos com o Reverendo Koger e sua família.

            No dia 22 de Julho de 1892 Flora entrega sua alma ao Criador, devido a uma hidropisia, nesta mesma data aos prantos Martha Watts anunciava a todo Colégio a morte de sua amiga e que a mesma não morreu em agonia, mas em paz e consolo espiritual que havia encontrado em Jesus Cristo. Mesmo sem leis trabalhistas o Colégio arcou todo seu enterro.


Tiago Favaris, aluno do quarto semestre de Sistemas de Informação da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo Jair Toledo Veiga.

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