Piracicaba
tem uma rica história ligada às artes plásticas e tem o privilégio de ser casa
de brilhantes artistas. No entanto, nos séculos passados, poucos deles eram
mulheres, visto que se tratando daquela época, muitas não tinham espaço nem o
porquê se dedicar à pintura como uma arte.
“[Ida]
Ensinava pintura (...) Pintura como passatempo, menos do que arte. A moça do
passado precisava conhecer algumas manualidades: a pintura, pugilar ao piano,
bordar. Era uma vida simétrica, uniforme. Diziam que, com isso estava apta ao
casamento”, dizia João Chiarini num texto em homenagem à ela no dia 12 de
setembro de 1961, publicado na Folha de Piracicaba.
Neste
mesmo ano, Ida fazia 80 anos e se despedia de seu ateliê no Colégio
Piracicabano, para se aposentar. Também pudera, já haviam se passado 40 anos
ensinando pintura às alunas internas, profissão que amava desempenhar.
Piracicaba e o colégio eram suas paisagens favoritas da artista para pincelar.
Ela
e suas duas irmãs estudaram no Colégio Piracicabano e se formaram professoras
lá. Seu estudo da pintura começou apenas em 1911, depois de já formada, com
Alípio Dutra. Quando ele teve de partir para a Europa estudar, Ida Schalch
passou a ser aluna de Joaquim de Mattos. A parceria dos dois rendeu a
considerada primeira exposição pública de pintura da cidade, ocorrida em julho
de 1920, nos espaços da Universidade Popular.
A
artista gostava muito de pintar flores e o cotidiano do Colégio. “Possui um
colorido gostoso, autêntico puro (...) Com naturalismo, são significativos. Mas
não só pinta flores, mas paisagens, casas e figuras. É arte imaculada mas não
estilizada (...) Os seus assuntos são simples: são ela mesmo”, escreveu
Chiarini.
Agora
sua arte se encontra exposta embelezando os espaços do Centro Cultural Martha
Watts, local onde está maior a parte de seu acervo e que guarda histórias dos
anos bem vividos de Ida como professora de pintura no Colégio Piracicabano.
“Ida
Schalch, mestra de gerações de anos do antigo Colégio Piracicabano, foi uma
artista extremamente sensível e consciente de sua condição de mulher-artista
numa sociedade ainda regulamentada pelos padrões masculinos” (FERREIRA, 1992,
p.9)
Outras fontes:
- Livro “Memória, Encantamento e Beleza – Colégio
Piracicabano, 125 anos” de Beatriz Vicentini Elias
- Site "A Província"
Thaís Passos da Cruz,
estudante do curso de Jornalismo da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo O Diário.
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