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terça-feira, 19 de novembro de 2019

O drama do Milésimo Gol de Pelé


Provavelmente todo mundo já viu o milésimo gol de Pelé, mesmo que não goste ou acompanhe futebol, sabe que foi em uma noite de Maracanã lotado em uma cobrança de pênalti. O que muita gente não sabe é o drama que antecedeu nesse momento histórico. Em homenagem ao aniversário de 50 anos, vamos relembrar parte a parte da final dessa trajetória milionária. 

Pelé marcou seu 999° gol contra o Botafogo da Paraíba em um jogo conturbado e polêmico. O Santos, que jogava a Taça Brasil, então Campeonato Brasileiro da época, havia agendado um amistoso em João Pessoa as vésperas de enfrentar o Bahia. Muitos boatos já reverberavam de que o então prefeito de João Pessoa teria “comprado” a partida para que o rei marcasse seu milésimo gol lá. O clima da cidade e o prêmio de Cidadão Pessoense recebido por Pelé, colocavam uma pulga atrás da orelha dos jogadores santistas.

A partida ocorria na normalidade até que um pênalti foi marcado no segundo tempo para o Santos que já vencia por 2x0. A torcida clamava por Pelé, e não tinha jeito, teria que ser ele a bater. Assim faltava apenas um gol para que a marca histórica fosse alcançada. Poucos minutos depois o goleiro do Santos, Jair, alertou para uma possível lesão. “Supostamente” sem condições de jogo e sem goleiro no banco de reservas, calhou a Pelé suprir a vaga. O rei já havia feito outras aparições no gol em momentos que foram necessários, além de vestir as luvas sempre que possível em treinos recreativos. Pelé passou o restante do jogo ali, bem longe da meta adversária, assim evitando quaisquer chances de acontecer o milésimo gol em uma possível partida “armada”.


Três dias depois aconteceu em Salvador a partida contra o Bahia. Com a Fonte Nova lotada e pronta para presenciar tal momento histórico, os dois times fizeram um jogo tenso. Placar final 1x1, sem gol do Pelé...

Entretanto não foi por falta de tentativa que o gol não saiu. Pelé deu origem a uma jogada na qual após tabelar com seu companheiro de time saiu cara a cara com o goleiro baiano, driblou, e com o gol vazio, finalizou. O que ninguém no estádio esperava era que o então zagueiro da Bahia, Nildo, aparecesse em cima da linha para evitar a festa. A lógica seria ele ter o esforço reconhecido e consequentemente aplaudido pelo povo baiano certo? Muito pelo contrário. Após salvar o que seria o milésimo gol de Pelé, o zagueiro recebeu uma monumental vaia da própria torcida. Coisas do futebol que só Pelé conseguia fazer.

Quis o destino que a festa ficasse para o Maracanã, palco histórico de tantos feitos e conquistas do rei. Partida estava empatada em 1x1, quando aos 34 minutos do segundo tempo, Pelé recebeu um lançamento de Clodoaldo e ao entrar na área foi derrubado, pênalti para o Santos. Os jogadores vascaínos se revoltaram, especialmente Andrada, goleiro argentino que foi para o jogo determinado a não entrar para a história.

“Pela primeira vez, já experiente e com tanta rodagem, tremi em campo”, disse o rei. Pelé era o único santista no campo de ataque, seus companheiros perfilaram na linha central para assistir como meros torcedores. Apesar do belo pulo de Andrada que chegou bem perto da bola, não teve como, o dia 19 de novembro de 1969 ficou eternizado na história.



Roberto Carlos Habermann, aluno do 6º semestre do curso de Publicidade e Propaganda da UNIMEP
Pesquisa realizada no Acervo Rocha Netto e Acervo O Diário.


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