Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

No Universo Folclórico dos Toques


Mais uma vez procurando pelo vasto acervo folclórico do nosso saudoso João Chiarini, encontramos um exemplar da “Revista Folclore” que fazia parte da ‘Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá’, do ano de 1980, edição nº 5. Na página 7 encontra-se o texto intitulado “Toques de Sino e seu universo folclórico” da pesquisadora Maria do Carmo Vendramini sobre o uso dos sinos ao longo da história.



Desde o início colonial os sinos tiveram varias funções, sobretudo no período em que a Igreja era ponto de reuniões das comunidades e também assumia o papel de agente de comunicação desses meios. Cada sinal emitido pelos sinos possuía – como tudo dentro do viés eclesiástico – dogmas e costumes locais que regulavam e adequavam as necessidades de cada grupo ou daquilo que se era entendido pelo sineiro. Observa-se aí parte de sua característica folclórica, ou seja, os toques e ritmos eram ditados de acordo com os hábitos e necessidades de cada grupo, incorporando-se a cultura local dos mesmos.
A pesquisadora ressalta que no universo folclórico dos toques de sinos, o processo de transmissão oral e tradicional permite a repetição dos toques através do tempo. As eventuais modificações aparecem de maneira lenta e gradativa e podem atingir desde a estrutura rítmica do toque até horários em que são acionados, duração, timbres dos sinos usados, etc.

Fonte: Google


Venturini ainda faz questão de ressaltar a importância da contribuição da cultura africana e afrodescendente na constituição e consolidação musical dos sinos, e isso pode ser evidenciado tanto pela complexidade rítmica de certos toques, - diversos toques conhecidos dentro da cultura negra, como o chamado “barravento” foram encontrados em várias sequências de sineiros - quanto na participação negra e mestiça dentro das igrejas brasileiras. Mesmo com as restrições baseadas na cor da pele, os impedimentos de permanência de negros dentro das igrejas não se estendiam até o sineiro, talvez pelo valor secundário que se dava à função, ou porque tal atividade era considerada “bruta” para ser realizada por outros que não os escravizados.
O texto completo pode ser consultado aqui no Espaço Memória Piracicabana.


Natália Severino, aluna do sexto semestre do curso de História na UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo de João Chiarini.


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