Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Fim da higienização do EMP e Acervo João Chiarini

A higienização do Espaço Memória já está finalizada (após um mês de trabalho intenso no arquivo).



Toda vez que higienizamos o acervo encontramos livros muito interessantes. É o caso do acervo João Chiarini e as prateleiras com livros sobre história do Brasil. Nela encontramos muitos livros sobre Brasil colônia, história de diversos estados brasileiros, sobre independência do Brasil, movimentos revolucionários, como, por exemplo, a Cabanagem.

O livro presente no arquivo é datado de 1986, sendo a segunda edição do autor (pesquisador e poeta) Pasquale Di Paolo. Di Paolo foi um professor de Ciência Política da Universidade Federal do Pará, comprometido com os movimentos sociais da região, atuava junto “ao homem amazônico”. Seu livro “Cabanagem: a Revolução Popular da Amazônia” foi o primeiro livro a tratar o fenômeno social como uma revolução, e não como uma revolta. Detalhe para o índice, que o autor conclui seu estudo com o tema “A vitória dos Derrotados”.


Desse capítulo, extraímos alguns trechos:

“Existem duas óticas principais de ver a Cabanagem: para alguns ela é uma série de motins políticos dos cablocos paraenses, cuja característica básica é a rebeldia contra o governo legal do Rio de Janeiro, durante o período da Independência do Brasil; para outros, o movimento cabano é uma rebelião das massas populares amazônicas que não chegou a transformar-se em revolução por falta de programa político e de quadro dirigente.
Nossa tese é que a Cabanagem é revolução; é a revolução popular mais importante da Amazônia e entre as mais significativas da História do Brasil. Explodiu, depois da declaração de Independência, em 7 de janeiro de 1835, pela saturação da paciência cabocla diante da sistemática do governo central em negar aos mais antigos habitantes da região o direito elementar da “cidadania”.

Esgotados os meios pacíficos de luta, a guerra civil tornou-se historicamente inevitável pela miopia política da Regência e pela obstinação de seus ministros em desrespeitar o próprio programa de independência do país. A Cabanagem é revolução por ter sido um movimento histórico de conquista do poder pela base e pelo vértice-não-dominante, caracterizado pela ruptura com os padrões vigentes e pela abertura de novos horizontes políticos e sociais.”

Para Di Paolo, a Cabanagem só pode ser entendida à luz do contexto histórico internacional, nacional e regional do período. Movimentos como a Revolução Francesa (1789), a Revolução Americana (1776), foram grandes fatores que influenciaram.
“No Brasil, o clima de dubiedade em que foi realizada a independência revelou uma burguesia retrógrada e aristocratizada, sem carga revolucionária, culturalmente amarrada a l´ancien régime; o novo ideário político foi recebido mais pelas camadas médias e baixas da população, provocando em todo país explosões revolucionárias de matizes populares.

A Amazônia, no período colonial, vivera separada do resto do Brasil, formando o Estado do Grão-Pará e Maranhão. Esta experiência de autonomia colonialista produziu uma autonomia de luta anticolonial, também diante do emergente colonialismo interno do sudeste brasileiro.

(...) A doutrina básica dos cabanos era a independência política externa e a emancipação social interna, decorrentes da consciência-de-ser-povo e da consciência-de-ser-cidadãos, rejeitando ser súditos permanentes de colonizadores eternos.”

O livro está disponível para pesquisa no Espaço Memória. Parte da biblioteca do acervo Chiarini pode ser pesquisada no site da UNIMEP.


Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.

Pesquisa realizada no acervo João Chiarini

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