Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Saúde pública ou exagero?


Dia 29 de janeiro de 1946, o então Promotor Público da Comarca, Dr. Hamilton Dragomiroff Franco, iniciou um inquérito referente a uma garrafa de vinho tinto chileno da marca “Vinex Carbenete”, adulterada no Hotel Roxy.                                                                                             
                                                                                                                                           Hamilton pediu a bebida para acompanhar o jantar que estava realizando com o estudante Rodolpho Camargo, que era seu convidado. Após o garçom Sebastião de Vieira de Assis o servir, Hamilton percebeu um forte gosto e cheiro de mentol, substância que não deveria ser encontrada na bebida.

Com a justificativa de ser um caso de saúde pública, o inquérito foi aberto e a garrafa foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, Laboratório Central de Saúde Pública do Estado, para ser examinada.

Enquanto isso a investigação realizada pela Delegacia de Polícia de Piracicaba não conseguiu encontrar a fonte da adulteração, uma vez que o então responsável pelo Hotel, Mauro de Lucca Filho, informou aos oficiais que a bebida havia sido adquirida por meio da engarrafadora “Buenos-Ayres”, cuja empresa alegou não ter relação com o ocorrido.
“[...] podendo o declarante afirmar que o vinho que importa é engarrafado do módo que recebe, pois, o declarante está trabalhando nesse ramo de negocio há dezoito mêses e nunca teve nenhuma reclamação [...]”

Os resultados dos testes comprovaram que o vinho realmente era adulterado e que a quantidade de mentol era alta. Sendo a conclusão que o produto era “improprio para o consumo por estar em desacôrdo com os regulamentos em vigôr”.

O juiz desconfiou que o proprietário do Hotel, Mauro de Lucca, possa ter aberto a garrafa anteriormente e então substituído o conteúdo. Mauro foi intimidado diversas vezes a prestar depoimentos, mas por supostos motivos de saúde mudou-se para São Pedro, então não comparecendo a delegacia piracicabana.

Por fim em 29 de setembro de 1949, decidiram arquivar o processo, sem futuros desdobramentos.




Roberto Carlos Habermann, aluno do 6º semestre do curso de Publicidade e Propaganda da UNIMEP.
Pesquisa realizada no Acervo do Fórum.



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