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segunda-feira, 17 de abril de 2017

Processos do fórum e os casos de violência doméstica em Piracicaba no início do século XX

Pouco mais de 94 anos atrás, um processo envolvendo o nome de Frederico Renzi, no qual sua mulher D. Amalia Renzi, era a requerente, dava início a um ano turbulento para o casal. Este processo, datado do dia 3 de fevereiro de 1923, era um pedido de interdição por parte de D. Amalia, que foi ameaçada pelo marido, “devido a ciúmes”, com quem era casada por 19 anos. De acordo com o que foi relatado ao escrivão, o casal tinha uma vida tranquila, até que “inexplicavelmente”, Frederico começou a agir de maneira descontrolada, com ciúmes além do normal e com atitudes violentas, que fizeram D. Amalia pensar que seu marido estava com o “juízo abalado”. 

Certo dia, o marido a levou para o quarto do casal, e armado, ameaçou-a a confessar seu adultério com mais de trezentos amantes, ou seria morta por ele. Segundo Frederico, ela o traía desde o início do casamento, e nenhum dos seus 8 filhos, incluindo o que estava no ventre de D. Amalia naquele momento, não eram dele. A pobre mulher “ouviu então seu marido acusá-la das culpas mais inverossímeis, culpas que precisou confessar, porque não havia como fugir, e seria loucura resistir a um louco”. Após esse dia, visto que Frederico já não estava mais dentro das suas faculdades mentais e apresentando ciúmes a nível patológico, D. Amalia teve de fugir de casa, para não ser assassinada pelo marido.

Apesar das ameaças sofridas, refletindo um pouco no que ocorre atualmente em vários processos de agressão à mulher, no processo de interdição assinado por D. Amalia Renzi, ela afirmava que esperava a cura do marido, através dos devidos exames e tratamentos necessários, para que ela pudesse voltar com ele, sem os transtornos mentais que começou a apresentar.

No arquivo do Fórum ainda é possível encontrar mais dois processos que Frederico Renzi foi requerido, também do ano de 1923, correspondentes de uma cobrança de dívida e devido a problemas mentais do indivíduo, que também devia uma quantia de 100 contos de réis a um lavrador.

Thaís Passos da Cruz, aluna do 5º semestre de Jornalismo da UNIMEP. Pesquisa realizada no acervo do Fórum.

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