Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Falam as vítimas do Terror Policial

No acervo do Jornal “O Movimento”, periódico de esquerda que circulou durante parte do período de Regime Militar, é sempre presente críticas e denúncias de abusos de poder cometidos pelos militares e pela força policial do país, abusos esses intensificados durante o Regime Militar.

Porém, nesse texto, o que pode ser encontrado são depoimentos de vítimas da repressão policial ocorrida durante o Estado Novo (1937 – 1945).



A matéria trata-se de um compilado de trechos dos depoimentos de presos torturados no período citado, depoimentos esses prestados a CPI de 1947 “que pretendia, com seu trabalho, contribuir para que aqueles atos nunca mais se repetissem”.

Os depoimentos são de seis militantes cujos nomes se tornaram alguns mais conhecidos que os outros, e são eles: Olinto Semeraro, Carlos Marighella, que em seu depoimento cita também o discurso de João Mangabeira, João Alves da Mota, David Nasser e Luiz Carlos Prestes.

No trecho do depoimento de Olinto Semeraro ele nos conta:
 “Vi uma criança com três anos de idade, e soube que um senhor Caruso era acusado, como integralista, de ter colocado bombas na polícia central e estava desaparecido – exilado dizia-se – na embaixada portuguesa. Um investigador perguntou à esposa de Caruso se sabia onde estava seu marido. Como disse ela que não sabia, o investigador, apelidado de Buck Jones, ameaçou queimar a criança com um charuto. Protestaram as pessoas que se encontravam na sala (...) mas a ameaça foi levada a efeito (...)”

Em outro trecho o jornalista David Nasser cita um depoimento tomado para seu livro “Falta Alguém em Nuremberg”, depoimento dado pelo comandante do ataque integralista ao Palácio da Guanabara em 1938, Severo Fournier:

“Fournier ficou em uma cela úmida, até que ficasse bastante gripado, depois foi colocado num lote de tuberculosos que morreram meia hora antes, no mesmo lençol, cheio de hemoptises etc. Contraiu então a tuberculose, na prisão. (...)”


E ainda finalizando a matéria temos o depoimento de Luiz Carlos Prestes, então senador pelo Partido Comunista, ex-militar e líder da conhecida “Coluna Prestes”, onde ele diz:
 “(...) Eram operárias, inclusive mulheres – pois ouvia os gritos pela janela do meu quarto, através do qual, olhando enviesado, se percebia a garagem da Polícia. Ali todas as noites, desde as 10 ou 11 horas até alta madrugada, às 2 ou 3 horas da manhã, se ouviam e viam as mais degradantes cenas de espancamento, provocando gritos dolorosíssimos. (...)”


Esse e outros temas relacionados ao jornal “O Movimento” podem ser pesquisados no acervo do Espaço Memória Piracicabana no Centro Cultural Martha Watts.


Guilherme Erler Pedrozo, aluno do 3º Semestre de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo Jornal O Movimento.





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