No
ano de 1940, Marcilio acionou a justiça contra Antonio, acusando-o de
estelionato. Segundo a denúncia, Antonio aproveitou da ingenuidade e da boa fé de
Marcilio (que já estava em idade avançada) para agir com manobras fraudulentas que
resultaram na extorsão de várias quantias em dinheiro. Marcilio perdeu uma
chácara e um terreno, ambos em Piracicaba.
No
processo, Marcilio explica que Antonio se hospedou em sua casa como inquilino
e, por fim, acabaram se tornando amigos. Sabendo que Marcilio tinha uma ação na
justiça, Antonio o levou para conhecer um advogado que, segundo ele, seria
alguém melhor para trabalhar com o processo, do que o advogado que já estava
trabalhando na causa. Para contratar tal advogado, Antonio pediu uma quantia em
dinheiro.
Com
o passar do tempo, Antonio foi pedindo quantias maiores em dinheiro, esgotando
todas as economias de Marcilio. A ironia é que Marcilio passou a emprestar
dinheiro de Antonio, com o intuito de quitar as dividas causadas pelo próprio
Antonio. Como cartada final, Antonio informou
a Marcilio que ele tinha perdido a causa na justiça e que em breve perderia
todos os seus bens. Quando foi comunicar o advogado da venda da chácara,
Marcilio descobriu que na verdade tudo não passava de um golpe de Antonio. O
tal advogado explicou que nunca tinha ouvido falar do processo.
Antonio
era funcionário da estrada de ferro Sorocabana e tinha uma pequena renda por
mês. Em seu depoimento, negou que haveria agido de má fé com seu amigo.
Foram
ouvidos no processo mais de 10 testemunhas, entre elas, vizinhos, o advogado e
os escriturários que fizeram a transferência dos imóveis, assim como a vítima e
o estelionatário. Por fim, o juiz da comarca sentenciou Antonio como culpado,
sendo ele condenado a dois anos e seis meses de prisão.
O Processo tem mais de trinta páginas,
contendo descrições, sentenças, depoimentos, um pedido de habeas corpus por parte
da defesa e um alvará de soltura para o réu, que não permaneceu por muito tempo
no xadrez.
Este
é um entre os 13 mil processos que fazem parte do acervo do Fórum, presente no Espaço
Memória do Centro Cultural Martha Watts, para conferir a lista de processos
acesse o link:
Adriano Zaulkauskas,
aluno do sétimo semestre do curso de História da Unimep.
Pesquisa
realizada no acervo O Diário.
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