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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A origem do cordel



O cordel é uma forma de literatura popular que chegou ao Brasil em meados do século XIX.  De origem portuguesa, o cordel recebeu este nome devido a maneira como eram expostos para a venda, presos em um cordão, sendo chamados em Portugal também pelo nome de “folhas volantes”.  No Acervo João Chiarini, podemos encontrar o livro “Literatura de cordel” de M. Diegues Junior, no qual relata mais detalhes sobre o cordel:

“Tem-se atribuído às “folhas volantes” lusitanas a origem de nossa literatura de cordel. Diga-se de passagem, e antes de mais nada, que o próprio nome que consagrou entre nós também é usual em Portugal; a ele refere-se, por exemplo, Teófilo Braga em mais uma parte de suas obras e em artigo especial para um jornal lisboeta, no já longínquo ano de 1895. Eram as “folhas volantes” também chamadas de “folhas soltas”. O povo português, antes que se difundisse a imprensa, usava o registro da poesia popular em “cadernos manuscritos...Estas “Folhas volantes” ou “Folhas soltas”, decerto em impressão muito rudimentar  ou precária, eram vendidas nas feiras, nas romarias, nas praças ou nas ruas; nelas registravam-se fatos históricos ou transcrevia-se  igualmente poesia erudita. Gil vicente, por exemplo, nela aparece. Divulgando-se, por intermédio das folhas volantes, narrativas tradicionais, como a Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, Carlos Magno. Tudo isso, evidentemente, e como seria natural, se transladou, com o colono português, para o Brasil; nas naus colonizadoras, com os lavradores, os artífices, a gente do povo, veio naturalmente esta tradição do romanceiro, que se fixaria no nordeste como literatura de cordel.”

No Brasil o cordel encontrou um terreno fértil em terras nordestinas, devido à razões étnicas e questões sociais, segundo M. Diegues Junior “Tudo conduziu  para o nordeste se tornar o ambiente ideal em que surgiria forte, atraente, vasta , a literatura de cordel. Em primeiro lugar, as condições étnicas: o encontro do português  e do africano escravo ali se fez de maneira estável , contínua, não esporadicamente. Houve tempo suficiente para a fusão ou  absorção de influências. Depois, o próprio ambiente social oferecia condições que propiciavam o surgimento dessa forma de comunicação literária, a difusão da poesia popular através de  cantorias em grupo e de forma escrita.” Então, com o tempo, o cordel  adquiriu  características próprias no nordeste e se tornou um importante meio de comunicação.

 Escrito de forma rimada, os temas abordados são abrangentes, tratam desde tradições, histórias, animais, política, crítica social, religiosas. No Acervo João Chiarini podemos ter contato com diversos livros de cordel (alguns deles já citados em publicação anterior no blog) além de material que trata de detalhar o mesmo.
Abaixo podemos conferir trechos de um cordel que aborda a guerra de Canudos e seu personagem principal, Antônio Conselheiro:


Adriano Zaulkauskas, aluno  do sétimo semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo João Chiarini.

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