Em
agosto de 1986, Rocha Netto escreveu no Jornal de Piracicaba ( a partir do
depoimento de Antonio Cobra Filho) uma homenagem aos irmãos Cobra. Família que
se destacou no comércio, no esporte e principalmente na música.
“Em
1921 surgia nessa cidade, idealizado por João Braga e Euclides Franklin César,
um conjunto que tocava no sempre lembrado “Theatro Santo Estevão, denominado “Choro Guaianazes”. (...)
executando músicas do repertório do maestro Benedito Dutra, como “Filha da
floresta”, bastante conhecida dos da velha-guarda, “De déo em déo”, “Marinha”,
“Beijo da meia noite” e outras mais valsas que marcaram época. Esse choro, que
deixou saudades, era composto pelos seguintes elementos: João Braga
(sax-maestro), José Leite (flauta), Aristides Diehl (sax-de-pito), Euclides
César (violino), Antonio Pedro Cobra e José Oliveira (violões).”
Um
ano depois, foi formado o grupo “Turunas Piracicabanos”, composto por: Antonio
Cobra (pai) e integrado por Antonio Matos Brasil (pandeiro), Pedro Greppe
(chocalho), Pedro Cobra (sax-mestro), Antonio Cobra Filho (cavaquinho),
Salvador Zito (violão) e Máximo Bernardi (violão e vocal).
Acervo Rocha Netto/CCMW. |
Na
matéria, Rocha Netto escreve que “esse choro fez grande sucesso no “Carnaval do
Centenário” e acabou ganhando uma bonita taça, que marcou os nomes de seus
integrantes. (...) As músicas mais tocadas, muito de agrado dos corsos
carnavalescos da época, foram estas: “Desafio”, de autoria de Máximo Bernardi,
e “Ratinho”, de Pedro Cobra.”
Eles
costumavam tocar no saguão do Cinema Polytheama, enquanto dentro das salas de
cinema haviam orquestras que musicavam os filmes. O “Choro Cobra” que, na
metade dos anos 20, faziam as pessoas se aglomerarem em frente ao cinema só
para ouvir o grupo tocar era composto pelos cinco irmãos: Pedro, Nini, João,
Vitório e Salvador, além de Totó Carmelo, Belmiro da Silva, Mário Passini,
Alfredo do Senna (o chapeleiro) e Manoel Zevedo. “Quando o “Choro Cobra” se
exibia no palco do Polytheama ou do Íris, seus componentes apareciam vestidos
com trajes caipiras, alegrando a todos”, escreveu Rocha Netto.
Acervo Rocha Netto/CCMW. |
Acervo Rocha Netto/CCMW. |
“O
último carnaval em que o “Choro Cobra” tomou parte, foi o ano de 1926, quando
conquistou duas ricas taças, oferecidas pelo saudoso Justo Moretti, que era
estabelecido com uma tabacaria na esquina da praça Sete de Setembro com a Rua
São José. O Justo Moretti sabia muito bem como acirrar os ânimos dos conjuntos
musicais da cidade, bem como oferecendo taças e bronzes para os grandes “pegas”
do passado.”
Acervo Rocha Netto/CCMW. |
Acervo Rocha Netto/CCMW. |
A
família Cobra também contribuiu nos esportes:
“A
Sociedade Esportiva Palmeiras (ex-Palestra de Piracicaba), também deve gratidão
aos irmãos Cobra, notadamente a Pedro e Antonio, pois estes homens, em 1930,
trabalharam com afinco para transformar a barroquinha, de propriedade do Sr.
Pedro Francez (onde suas vacas pastavam), no campo do Palestra e que serviu
mais tarde ao Bairroaltense. (...) Os Cobras cederam, ainda, gratuitamente, suas
carroças para o transporte de terras para o campo que ia surgindo.” Rocha Netto
só lamenta não ser possível reproduzir a imagem desse momento.
Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no Acervo Rocha Netto.
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