Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Um Problema Humano


Na edição datada de 4 de agosto de 1969, o Jornal “O Diário” de Piracicaba trouxe a 3ª reportagem da série “Eles Seriam Delinquentes”. Entrevistas realizadas com profissionais das Varas de Infância e Adolescência discutiam quais eram as circunstâncias em que se encontravam os menores que chegavam até a assistência social da cidade. Nesta reportagem foram entrevistadas Célia M. G. de Oliveira, Assistente Social do Juizado de Menores e Lourdes A. R. Carvalho da Faculdade de Serviço Social de Piracicaba. Ambas discorreram acerca dos menores que encontravam nas condições de pedintes nas ruas.


As duas entrevistadas concordaram que, para chegar ao ponto onde esse menor se sujeita a prática de esmolar, é devido a problemas dentro de seu círculo familiar - quem deveria conceder à essa criança ou adolescente as garantias de subsistência. Por consequência sofre com as mazelas sociais, inserindo a criança, parte mais frágil dessa cadeia por estar em fase constante de formação de todas suas estruturas internas e externas, na única prática que sua inocência lhe permite: pedir.

Contudo, como explica Célia, mantê-los reclusos em um espaço onde a ociosidade e a discriminação imperam não lhes oferecendo nenhum outro caminho em que possam se manter fora dessa vida “ilícita”, não é a solução. Se levarmos em conta que essas crianças e jovens não tiveram bases familiares ou emocionais estáveis, nem detinham outras garantias de subsistência, como puní-los por fazer a única coisa que os mantinham vivos (pedir/roubar)? Como fazer esse jovem “mudar de vida” se essa é a única que  conhece e por consequência a única que considera possível dada sua condição? Lourdes, a partir de suas experiências, compreendeu que, antes de tudo, o problema desses menores era um problema humano. Não se consegue tratar uma criança se não tratar também da família desse indivíduo. É preciso compreender a criança e dar-lhe o afeto que necessita e ressalta que, todos que cuidam dos processos infantis devem perceber que esse indivíduo é uma criança.

Célia e Lourdes concluem falando sobre a necessidade de se resolver de fato o problema do menor e reafirmam que não é mantendo-o recluso como um prisioneiro que se resolve. Na verdade, origina-se de uma série de problemas sociais surgidos a partir das falhas estruturais da própria sociedade, e o único modo para saná-lo é com a colaboração de desta.

Todo esse material pode ser consultado aqui no Espaço Memória Piracicabana.
Natália Severino, aluna do quinto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo do Jornal “O Diário”.

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