Mais uma vez procurando pelo vasto acervo folclórico do
nosso saudoso João Chiarini, encontramos um exemplar da “Revista Folclore” que
fazia parte da ‘Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá’, do ano de
1980, edição nº 5. Na página 7 encontra-se o texto intitulado “Toques de Sino e
seu universo folclórico” da pesquisadora Maria do Carmo Vendramini sobre o uso
dos sinos ao longo da história.
Desde o início colonial os sinos tiveram varias funções,
sobretudo no período em que a Igreja era ponto de reuniões das comunidades e
também assumia o papel de agente de comunicação desses meios. Cada sinal
emitido pelos sinos possuía – como tudo dentro do viés eclesiástico – dogmas e
costumes locais que regulavam e adequavam as necessidades de cada grupo ou
daquilo que se era entendido pelo sineiro. Observa-se aí parte de sua
característica folclórica, ou seja, os toques e ritmos eram ditados de acordo
com os hábitos e necessidades de cada grupo, incorporando-se a cultura local
dos mesmos.
A pesquisadora ressalta que no universo folclórico dos
toques de sinos, o processo de transmissão oral e tradicional permite a
repetição dos toques através do tempo. As eventuais modificações aparecem de
maneira lenta e gradativa e podem atingir desde a estrutura rítmica do toque
até horários em que são acionados, duração, timbres dos sinos usados, etc.
Fonte: Google |
Venturini ainda faz questão de ressaltar a importância da
contribuição da cultura africana e afrodescendente na constituição e
consolidação musical dos sinos, e isso pode ser evidenciado tanto pela
complexidade rítmica de certos toques, - diversos toques conhecidos dentro da
cultura negra, como o chamado “barravento” foram encontrados em várias sequências
de sineiros - quanto na participação negra e mestiça dentro das igrejas
brasileiras. Mesmo com as restrições baseadas na cor da pele, os impedimentos
de permanência de negros dentro das igrejas não se estendiam até o sineiro,
talvez pelo valor secundário que se dava à função, ou porque tal atividade era
considerada “bruta” para ser realizada por outros que não os escravizados.
O texto
completo pode ser consultado aqui no Espaço Memória Piracicabana.
Natália Severino, aluna do sexto semestre do curso de
História na UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo de João Chiarini.
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