“O cururu é disputa, combate
poético”, com essa frase João Chiarini começava seu texto publicado na Revista
do Arquivo Municipal, de 1947. Chiarini começa contando os antecedentes do
cururu:
“É universalista. Na
coroação dos poetas helênicos fazia-se a eleição do mais talentoso repentista
da cidade. Depois há improvisação na Sicília, Espanha. ‘São em geral, os
motivos desses cantos, oriundos dos árabes, adotados pelos provençais, muitos
cultivados em Portugal e extraordinariamente difundidos no Brasil.’ E é na
Idade Média que ele se avantaja pelo país luso. Aqui se chama recuesta. O
“self-repeating-process” patenteia a vinda duma tradição da antiguidade até o
meio rural brasileiro. De lá é que vem para a América pelas mãos dos elementos primários
lusos, pelos portugueses católicos, que o ensinaram aos homens do Brasil.”
Ao longo do texto, o
folclorista também explica a origem, a tradição lingüística, as pessoas e os
costumes que fazem parte do cururu. Para ele, cururu é instintivo.
“O cururu é música popular.
E a música popular acompanha a ideia de trabalho. A vida que esta cada vez mais
apertada é lembrada nas toadas. As tragédias domésticas também o são. E
perfeitamente bem, porque o cururu não são refrãos onomatopaicos, exclamativos
ou monossilábicos. É por isso que os cantadores lembram das leis sociais
vigentes, que reconhecem e amparam os direitos do operariado. Os seus versos
significam um estado de espírito que exprime a origem histórico-social dessa
coletividade.”
No acervo de Chiarini também
tem dezenas de fotografias do Cururu:
Vivian Monteiro,
historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa realizada no acervo
João Chiarini.
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