Em
1946, um goleiro do XV de Piracicaba entrou com uma ação contra o Jornal de Piracicaba.
Motivo: um jornalista andava caluniando o jogador nas rodas de conversa pela
cidade.
A
história
No
começo do mês de maio de 1946, Farid
Elias Cassab, conhecido pelo apelido “Tão” e por ser “futebolista amador” , era
goleiro do quadro principal do XV de Novembro, prestou queixa contra o Jornal
de Piracicaba, de propridedade do Dr. Fortunato Losso Neto.
Segundo o processo:
“Nos
derradeiros tempos, começou o querelante a ser hostilizado por um dos
auxiliares do Jornal de Piracicaba, sem ser por motivos
esportivos. V. o difamava, a cada passo, em conversas com terceiros. Na
noite de 3 para 4 do corrente, encontrando-se com V., no centro da cidade,
o querelante o interpelou, cortesmente, a respeito disso. Teve como resposta
uma agressão, a que reagiu, naturalmente.”
No
dia seguinte a agressão, foi publicado um artigo no JP criticando a atitude do
jogador, utilizando palavras como “o cafageste Tão”, “praticante do
profissionalismo branco”, “goleiro importado e sustentado pelo XV de Novembro”.
Trecho
do artigo (que está anexado ao processo)
“O
cafageste Tão, goleiro do XV de Novembro, volta-se contra a imprensa, já que
não pode fazer cartaz a custa do valor esportivo.
(...)
o nosso companheiro de imprensa, Sr. V.J., foi grosseiramente
interpelado pelo cafageste Tão, goleiro importado pelo XV de Novembro, e
agredido estupidamente em pleno centro da cidade, ao lado do prédio do Banco do
Brasil. Tão é elemento desclassificado, que todos conhecem, praticando
profissionalismo branco no interior.
(...)
de há muito tempo que a diretoria do XV de Novembro tem observado que espécie
de elemento é seu guardião. Mas agora ele se revelou em toda sua forma: é um
desordeiro, um covarde agressor, que briga traiçoeiramente e corre para não ser
apanhado pela polícia!”
Na conclusão do processo, o juiz determina a absolvição do jornalista.
Vivian Monteiro,
historiadora do Espaço Memória Piracicabana
Pesquisa
realizada no acervo do Fórum
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