Dia
29 de janeiro de 1946, o então Promotor Público da Comarca, Dr. Hamilton
Dragomiroff Franco, iniciou um inquérito referente a uma garrafa de vinho tinto
chileno da marca “Vinex Carbenete”, adulterada no Hotel Roxy.
Hamilton
pediu a bebida para acompanhar o jantar que estava realizando com o estudante
Rodolpho Camargo, que era seu convidado. Após o garçom Sebastião de Vieira de
Assis o servir, Hamilton percebeu um forte gosto e cheiro de mentol, substância
que não deveria ser encontrada na bebida.
Com
a justificativa de ser um caso de saúde pública, o inquérito foi aberto e a
garrafa foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, Laboratório Central de Saúde
Pública do Estado, para ser examinada.
Enquanto
isso a investigação realizada pela Delegacia de Polícia de Piracicaba não
conseguiu encontrar a fonte da adulteração, uma vez que o então responsável
pelo Hotel, Mauro de Lucca Filho, informou aos oficiais que a bebida havia sido
adquirida por meio da engarrafadora “Buenos-Ayres”, cuja empresa alegou não ter
relação com o ocorrido.
“[...]
podendo o declarante afirmar que o vinho que importa é engarrafado do módo que
recebe, pois, o declarante está trabalhando nesse ramo de negocio há dezoito
mêses e nunca teve nenhuma reclamação [...]”
Os
resultados dos testes comprovaram que o vinho realmente era adulterado e que a
quantidade de mentol era alta. Sendo a conclusão que o produto era “improprio
para o consumo por estar em desacôrdo com os regulamentos em vigôr”.
O
juiz desconfiou que o proprietário do Hotel, Mauro de Lucca, possa ter aberto a
garrafa anteriormente e então substituído o conteúdo. Mauro foi intimidado
diversas vezes a prestar depoimentos, mas por supostos motivos de saúde
mudou-se para São Pedro, então não comparecendo a delegacia piracicabana.
Por
fim em 29 de setembro de 1949, decidiram arquivar o processo, sem futuros
desdobramentos.
Roberto Carlos Habermann, aluno do 6º semestre do curso de Publicidade e Propaganda da UNIMEP.
Pesquisa realizada no Acervo do
Fórum.
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