Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

,

Pages

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Querida Antoninha


O Espaço Memória Piracicabana contém em seu acervo pouco mais de 13 mil processos do Poder Judiciário de Piracicaba, datados de 1801 até 1946, que nos ajudam a reconstruir e contar parte da história da cidade e até mesmo tecer relações entre os acontecimentos da cidade com as transformações ocorridas no país em diversos períodos. O processo que trago hoje – datado de 1922 – relata um caso de violência contra a mulher por motivações “passionais”. O termo passional, utilizado para caracterizar o crime, faz referência a um sentimento ou emoção em que existe um alto grau de afeto ou de sentimento de posse em relação à vítima, até recentemente usado para justificar casos de feminicídio no país.


Quatro de maio de 1922: A denúncia era oferecida contra Antonio de Macedo Ferreira, que aparentemente possuía uma pequena empresa de aluguel de veículos. Ao ficar sabendo que a mulher pela qual se interessava,  Antonia da Costa, contratou um de seus funcionários para transportá-la ao trabalho, fez de tudo para substituir o funcionário no serviço contratado por Antonia, a fim de declarar-se para ela e pedi-la em casamento. Antônia não correspondeu aos seus sentimentos, mas Antonio preferiu insistir e, mais tarde naquele dia, se dirigiu até as proximidades da casa de Antonia fazendo com que chegasse até ela uma carta onde novamente expressava seus sentimentos e desejos.

Dez de maio de 1922: Com raiva por não ter obtido resposta de sua carta de “amor”, Antonio embriagou-se e, movido por um desejo de vingança, se dirigiu armado até a casa de Antonia e esperou até que ela aparecesse na janela, porém, quem apareceu foi sua irmã. Antonio então desferiu 2 tiros contra a sombra que acreditava ser de Antonia. Os tiros acertaram apenas as janelas, estilhaçando os vidros.

O Brasil ocupa hoje o quinto lugar entre os países que mais mata mulheres. Uma em cada três mulheres sofre algum tipo de violência, mas apenas 6% realizam as denuncias e 38% dos feminicídios em todo o mundo são cometidos pelos companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Esse é apenas um processo dentre outras centenas com o mesmo tema aqui no acervo do Fórum.
Todo esse material pode ser consultado na íntegra aqui no Espaço Memória Piracicabana.

Natália Severino, aluna do quinto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo do Fórum.


Nenhum comentário:

Postar um comentário