Em 1980, a falta de chuva obrigou o governo federal
decretar estado de calamidade pública em boa parte do nordeste, informou
reportagem do jornal ‘O Movimento’. O repórter do periódico, Ivo Patarra
percorreu a região mais atingida pela seca. “Viu miséria e desvio de dinheiro”,
cita o texto.
Um dos casos de corrupção relatado, é de uma casa de luxo
construída com o dinheiro do Plano de Emergência de Combate as Secas. Outro
caso que chama a atenção é o enterro de crianças no pobre cemitério de
Aracatiaçu, distrito do município cearense de Sobral (230 quilômetros de
Fortaleza).
Na época, afirmou o jornal, o deputado José Parente Prado
denunciava então que 12 crianças teriam morrido subnutridas no distrito. Até
julho daquele ano, 27 crianças foram enterradas no cemitério. “Morreu muito
magra, sem nenhuma alimentação”, contou a juíza de Paz Antonia Cleonice ao
periódico, que informou também que a maioria tinham menos de um ano de idade.
Entre os mortos está L.F.P, que morreu com um mês e 25
dias de vida. “Morreu comendo papa d’água”, dizia o texto. No vale do Jaguaribe, também no Ceará, o médico Daltro
Holanda, que dirigia o hospital da cidade de Russas, contou que, de cada mil
crianças que nasciam no nordeste, 500 não completariam cinco anos de idade.“Nós estamos resistindo e morrendo no nordeste há três
séculos e meio”, reclamou.
Reinaldo
Diniz, aluno do quinto semestre do curso de Jornalismo da Unimep.
Pesquisa realizada no acervo do jornal ‘O Movimento’.
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