Miss
Marta Watts definitivamente mudou a identidade da sociedade piracicabana
no final do século XIX. Ainda moça, mudou-se com os pais para Louisville, nos Estados Unidos, onde se formou professora e, nesta época, a eminente guerra entre
norte e sul finalmente explodiu levando milhares de soldados confederados e
da união a morte, entre eles, o noivo de Martha Watts.
Anos
após a tragédia, Miss Watts passou a servir como missionária da Igreja
Metodista e, no final do século XIX, muda-se para Piracicaba, com o objetivo de
fundar um colégio.
Apesar
de ter encontrado dificuldades para se adaptar a costumes tão diferentes,
Martha Watts encontrou muito apoio e amizade com a família de Prudente de Moraes
e no próprio grupo norte americano que a acompanhou na viagem.
Em
13 de setembro de 1881 é inaugurado o “Colégio Piracicabano”, naquela época com
apenas uma aluna, Maria de Azevedo Escobar, pois o ano letivo já estava se
finalizando. Nessa época, como o colégio ainda não tinha uma sede própria ele
foi estabelecido em uma casa alugada, no largo da matriz.
No
ano de 1881, Martha Watts conhece a família Blummer, mais especificamente Pedro
Blummer, que era descendente de alemães luteranos e, entre eles, também conhece
a escrava Flora Maria. Apesar de proveniente dos estados confederados dos
Estados Unidos, Martha Watts compactuava das teses anti-escravistas. A família
Blummer decide entregar Flora aos cuidados de Martha e esta decide dar alforria
para Flora. Flora, então escrava a 42 anos, recebe sua alforria, assinada por
Prudente de Moraes, em 1881.
Flora
se tornou uma figura muito querida pelas alunas e alunos no colégio
Piracicabano e também por Martha Watts, que lhe deu um emprego remunerado na
cozinha do colégio. Passou a ser chamada de Tia Flora, era uma pessoa doce e
contadora de causos, tratava as alunas como filhas, era fluente em inglês (
Flora, sempre que possível, viajava para os Estados Unidos com Martha Watts e William
Koger, pioneiro metodista em Piracicaba), mas sempre procurava treinar seus
estudos com as professoras e missionárias.
Aos
sessenta anos foi acometida pela idade, com o corpo já bastante cansado dos
anos de trabalho, recebeu toda assistência material, moral e espiritual de
Martha Watts, mas em julho de 1892, veio a falecer, tendo sido todos os custos
funerários custeados pelo colégio.
Em
2003, quando inaugurado o Centro Cultural Martha Watts, um de seus ambientes foi
batizado com o nome de “Café Flora”, para que sua história seja sempre
recordada na memória dos alunos e visitantes.
Tatiane Saglietti,
aluno do sexto semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa
realizada no acervo “Jair Toledo Veiga”.
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