Tudo
mudou na década de 60. O homem chegou à Lua, o Brasil sofreu um golpe e entrou em
um Regime Militar, o mundo conhecia os Beatles, a pílula anticoncepcional
surgia e aumentava-se o número de passeatas e protestos em favor de minorias. A
década de 60 foi um período de grandes mudanças para o mundo todo e aqui no
interior paulista isso ressoava juntamente com o progressismo que a década
trazia.
Conhecida
como a “Cidade das Avenidas”, Piracicaba passou por um dos períodos mais
revolucionários urbanisticamente de sua história, com uma taxa de urbanização
de 92,3% e a construção de grandes avenidas como a Saldanha Marinho, Carlos
Botelho e Armando Salles de Oliveira, esta última sendo construída em cima do
córrego Itapeva, um grande marco da engenharia na época. O prefeito em gestão,
Luciano Guidotti, exibia com orgulho os títulos de “Cidade Mais Progressista do
Brasil”, eleita por três anos consecutivos pelo governo de Juscelino
Kubitschek. Ainda na gestão de Luciano Guidotti, foi inaugurado o tão esperado
Estádio Municipal, uma nova casa para o time de coração da cidade, o XV de
Novembro de Piracicaba. O preço do progresso também chegou. Nascia a primeira
favela, a do Algodoal, em 1961.
A
cidade estava se preocupando mais com o lazer e a cultura, aumentando o número
de festivais de artes, música e artes cênicas. O Teatro Municipal (atual e
desativado Dr. Losso Netto) foi finalmente criado, uma “casa de arte” prometida
por Luciano Guidotti após longa espera depois que o Teatro Santo Estevam foi
demolido. Porém o prédio foi entregue apenas 9 anos depois, em 1978.
Foi
também na década de 60 que houve a trágica queda do Comurba, ou Edifício Luiz
de Queiroz, um grande e cobiçado prédio que ficava no centro da cidade, chamado
em um anúncio de 1960 no Jornal de Piracicaba de “o mais atraente Shopping
Center de Piracicaba”. O desabamento foi em 1964, porém se entendeu numa novela
que durou mais de uma década, até a retirada dos últimos escombros, que ficava
na Praça José Bonifácio.
Neste
mesmo prédio funcionava o Cine Plaza, que foi completamente destruído enquanto
se preparava para a sessão das 14h. No entanto, os piracicabanos não ficaram
sem essa opção de divertimento, pois a cidade ainda possuía mais de três mil
poltronas distribuídas entre cinco cinemas, atraindo principalmente os jovens
que viveram nos “Anos Rebeldes”, desfilando suas minissaias e ouvindo muito
Rock’n Roll.
As
crianças tinham como opção os parques infantis, com “playground completo,
repleto de gangorras, balanços, tanques de areia, quadrados para trepar [...] e
até piscina”. Haviam 12 desses espaços na cidade e com planejamento de
construção de mais 24 parques em bairros mais afastados e na zona rural.
O
famoso Parque do Mirante, os restaurantes campestres e a pescaria eram as
principais atrações da cidade. Nesta década também foram criados duas boates ou
“Restaurantes Dançantes” de acordo com a Folha de Piracicaba.
O edifício Trinity
era demolido da noite para o dia para a construção do prédio Centenário (atual
Colégio Piracicabano), com a intenção de fazer a implantação dos cursos
superiores no Instituto Educacional Piracicabano, que na década seguinte daria
origem à Universidade Metodista de Piracicaba.

No
Bicentenário da cidade, em 1º de agosto de 1967, foi publicado os seguintes
números no Diário Oficial do município: “Piracicaba possui 7 hotéis, 5 cinemas,
2 clubes de campo, 3 rádios emissoras, 4 jornais diários, 5 clubes recreativos,
2 museus, 29 associações esportivas e recreativas, 4 associações de pesquisas
científicas, 1 Centro de Folclore, 1 Associação de Cultura Artística, 20
agências bancárias e 502 estabelecimentos industriais”.
Fontes
consultadas:
Site A Província
Acervo Jornal de Piracicaba (disponível no
Espaço Memória)
Acervo Gazeta Esportiva (disponível no Espaço
Memória)
Acervo Folha de Piracicaba (disponível no
Espaço Memória)
Thaís Passos da Cruz,
estudante do curso de Jornalismo da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo do
jornal O Diário.