Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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segunda-feira, 4 de julho de 2016

“Os ídolos da juventude e o grupo Time-Life”



Temos no acervo Rocha Netto alguns exemplares da Revista Manchete da década de 60. A revista tratava de temas desde a Copa do Mundo até curiosidades sobre celebridades e temas políticos. A revista de maio de 1966 divulga um escândalo no meio musical:

“Cantores, produtores, empresários e animadores de programa de auditório, de TV e Rádio, estão sendo acusados de se aproveitarem da condição de “ídolos da juventude yé-yé-yé” para corromper menores.”

No caso, nomes como Carlos Imperial, Erasmo Carlos, Wilson Simonal, Roberto Carlos, entre outros estariam envolvidos no esquema. A denúncia partiu de duas meninas (os nomes não foram divulgados na matéria) que participaram de festas organizadas pelos cantores.

“O roteiro de corrupção seria muito simples. As vítimas, menores de dezoito anos, seriam recrutadas entre as mais “certinhas e avançadas” das fãs, que se organizavam em clubes para dar assistência aos seus ídolos favoritos, sobretudo durante as apresentações em público. Essas fãs selecionadas serviriam também  para prestar outro tipo de assistência aos seus ídolos. Em “festinhas” em apartamentos, ídolos e fãs aumentariam o seu grau de intimidade, chegando a lances de requintada degenerescência. Entorpecentes e psicotrópicos estariam, habitualmente, no menu dessas festinhas. Teria se formado um verdadeiro triângulo Rio-São Paulo-Belo Horizonte, estabelecendo um sistema de permuta de fãs, o que permitia a renovação periódica dos quadros. E o pior de tudo é que nessas festinhas prevalecia o princípio: idade não é documento.”

O processo estava sob o domínio exclusivo do Juizado de Menores, permanecendo em sigilo por tempo indeterminado.

Outra notícia destaque da mesma revista foi a confirmação de que o grupo Time-Life financiava “com as mais polpudas remessas de dólares” a TV Globo.

“A comissão parlamentar de inquérito presidida pelo Deputado Roberto Saturnino, foi criada a requerimento do Deputado Eurico de Oliveira, em decorrência da denúncia do Governador Carlos Lacerda ao Governo Federal, revelando a existência de um acordo da organização “Time-Life” dos Estados Unidos com a TV Globo na Guanabara, infringindo dispositivos constitucionais e todas as demais leis protetoras da imprensa, de rádio e da televisão, de qualquer participação estrangeira."

“(...) os contratos entre TV Globo e o Time-Life levam a um processo que poderá ampliar-se, de desnacionalização das empresas de divulgação brasileiras.
Partindo dos aspectos financeiros do acordo é que os deputados puderam avaliar o grau de subordinação da empresa brasileira à empresa norte-americana, a partir da leitura do contrato de arrendamento, onde o Deputado Geraldo Guedes mostrou que, além de inquilina, a TV Globo se encarregou de defender o patrimônio da empresa americana de toda e qualquer turbação.”

Segundo a reportagem, Roberto Marinho se esquivou de muitas perguntas e ainda falou de uma suposta aproximação de Assis Chateaubriand com a Rússia Soviética.

Essa e outras revistas Manchete podem ser lidas aqui no Espaço Memória Piracicabana.

Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

Um comentário:

  1. Eu lembro de ter ouvido falar dessas festinhas naquela época, mas nada oficial. Quanto à TIME-LIFE e a Globo era a única coisa em que concordavam Lacerda e Brizola (por diferentes razões, of course).

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