Temos
no acervo Rocha Netto alguns exemplares da Revista Manchete da década de
60. A revista tratava de temas desde a Copa do Mundo até curiosidades sobre
celebridades e temas políticos. A revista de maio de 1966 divulga um escândalo
no meio musical:
“Cantores, produtores, empresários e
animadores de programa de auditório, de TV e Rádio, estão sendo acusados de se
aproveitarem da condição de “ídolos da juventude yé-yé-yé” para corromper
menores.”
No
caso, nomes como Carlos Imperial, Erasmo Carlos, Wilson Simonal, Roberto
Carlos, entre outros estariam envolvidos no esquema. A denúncia partiu de duas
meninas (os nomes não foram divulgados na matéria) que participaram de festas organizadas pelos cantores.
“O roteiro de corrupção seria muito
simples. As vítimas, menores de dezoito anos, seriam recrutadas entre as mais
“certinhas e avançadas” das fãs, que se organizavam em clubes para dar
assistência aos seus ídolos favoritos, sobretudo durante as apresentações em
público. Essas fãs selecionadas serviriam também para prestar outro tipo de assistência aos
seus ídolos. Em “festinhas” em apartamentos, ídolos e fãs aumentariam o seu
grau de intimidade, chegando a lances de requintada degenerescência.
Entorpecentes e psicotrópicos estariam, habitualmente, no menu dessas
festinhas. Teria se formado um verdadeiro triângulo Rio-São Paulo-Belo
Horizonte, estabelecendo um sistema de permuta de fãs, o que permitia a
renovação periódica dos quadros. E o pior de tudo é que nessas festinhas prevalecia
o princípio: idade não é documento.”
O
processo estava sob o domínio exclusivo do Juizado de Menores, permanecendo em
sigilo por tempo indeterminado.
Outra
notícia destaque da mesma revista foi a confirmação de que o grupo Time-Life
financiava “com as mais polpudas remessas
de dólares” a TV Globo.
“A
comissão parlamentar de inquérito presidida pelo Deputado Roberto Saturnino,
foi criada a requerimento do Deputado Eurico de Oliveira, em decorrência da
denúncia do Governador Carlos Lacerda ao Governo Federal, revelando a
existência de um acordo da organização “Time-Life” dos Estados Unidos com a TV
Globo na Guanabara, infringindo dispositivos constitucionais e todas as demais
leis protetoras da imprensa, de rádio e da televisão, de qualquer participação
estrangeira."
“(...) os contratos entre TV Globo e o
Time-Life levam a um processo que poderá ampliar-se, de desnacionalização das
empresas de divulgação brasileiras.
Partindo dos aspectos financeiros do
acordo é que os deputados puderam avaliar o grau de subordinação da empresa
brasileira à empresa norte-americana, a partir da leitura do contrato de
arrendamento, onde o Deputado Geraldo Guedes mostrou que, além de inquilina, a
TV Globo se encarregou de defender o patrimônio da empresa americana de toda e
qualquer turbação.”
Segundo
a reportagem, Roberto Marinho se esquivou de muitas perguntas e ainda falou de
uma suposta aproximação de Assis Chateaubriand com a Rússia Soviética.
Essa
e outras revistas Manchete podem ser lidas aqui no Espaço Memória
Piracicabana.
Vivian
Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa
realizada no acervo Rocha Netto.
Eu lembro de ter ouvido falar dessas festinhas naquela época, mas nada oficial. Quanto à TIME-LIFE e a Globo era a única coisa em que concordavam Lacerda e Brizola (por diferentes razões, of course).
ResponderExcluir