Um livro muito interessante
se encontra no acervo João Chiarini, “A Santa do Pau Ôco e outras histórias”. O autor, Menezes de Oliva, através de uma escrita leve e descontraída, mistura fatos históricos, artísticos e
literários de assuntos muito curiosos,
como por exemplo, o contrabando de metais
preciosos no Brasil colônia e porque algumas imagens de culto
ganhavam o apelido de santo do pau oco.
ganhavam o apelido de santo do pau oco.
Transcrevo alguns trechos
do livro:
“Ante as exigências
extorsivas do fisco entrou o contrabando nos hábitos da vida da Colônia,
chegando mesmo a se constituírem vastas quadrilhas de ricos ourives
mancomunados com fortes negociantes, que, burlando a vigilância das autoridades
coloniais, procuravam auferir grandes lucros das suas delituosas atividades. Em
1775, recebeu o Vice-Rei Marquês do Lavradio participação oficial ´da
descoberta, em Lisboa, de uma sociedade de contrabandistas de diamantes e ouro
em pó, com ramificações no Rio de Janeiro e em Minas... Faiscadores e
garimpeiros usavam toda sorte de artifícios na prática do seu comércio ilegal. O
contrabando de diamantes e ouro em pó se fazia nos tações das botas, em caixas
com fundos duplos, dentro de imagens, de bengalas e no cabo ôco dos chicotes,
na coronha ou próprio cano das espingardas e pistolas, sem contar o truque de
coser sacos de ouro nas cangalhas ou ocultá-los em cavidades adrede preparadas
na madeira das canastras dos animais da tropa. Conta Eschewege que um tropeiro
teve mesmo a ideia quando conduzia uma boiada,m de atar sacos pequenos com
ouro nas caudas dos bois mansos, e, faz referências à conhecida artimanha de
cobrir com pano os diamantes para depois usá-los como se fossem botões!”
“Existia, por exemplo, no
Registro de Paraibuna uma velha encarregada, por delegação oficial, de
administrar purgantes às senhoras de uma certa posição e sôbre as quais havia a
denúncia de que tivessem engulido pequenos diamantes!”
O autor também conta
histórias de como entravam moedas falsas no país “o dinheiro falso, de cunho
perfeitíssimo e fundição esmerada, quase não se distinguia do verdadeiro, e,
dest´arte, entrava facilmente em giro”.
Essas moedas também chegavam
no Brasil dentro de imagens ôcas. Muitas dessas imagens ainda estão preservadas
e podem ser encontradas em Museus de
Arte Sacra pelo país.
“Contou-me Marques de Santos, que, adquirira, certa vez, de procedência
mineira, uma
Nossa Senhora da Conceição, medindo pouco mais ou menos quarenta
centímetros de altura. Quando, porém, mandou emergí-la numa solução de soda
caustica, afim de remover as camadas de tinta e douração que a revestiam, viu
despregar-se da base da imagem uma pequenina peça de madeira, que logo
descobriu um orifício por onde escorria, de mistura com o líquido, autêntico pó
de ouro!”
“(...) a Nossa Senhora da
Conceição em apreço era uma verdadeira SANTA DO PAU ÔCO, feita, especialmente,
para contrabandear ouro em pó...Quem recebia tais imagens conhecia, de antemão,
o segredo de devassar-lhe as entranhas.”
Essas e outras histórias
podem ser encontradas no livro de Oliva.
Esse é o último post do ano do
blog. Nós , do Centro Cultural Martha Watts, desejamos a todos vocês que nos
acompanham um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO!!!!!! Que 2016 seja repleto de
alegria e realizações!!!
Voltamos em fevereiro!!
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