O cordel é uma forma
de literatura popular que chegou ao Brasil em meados do século XIX. De origem portuguesa, o cordel recebeu este
nome devido a maneira como eram expostos para a venda, presos em um cordão,
sendo chamados em Portugal também pelo nome de “folhas volantes”. No Acervo João Chiarini, podemos encontrar o
livro “Literatura de cordel” de M. Diegues Junior, no qual relata mais detalhes
sobre o cordel:
“Tem-se atribuído às
“folhas volantes” lusitanas a origem de nossa literatura de cordel. Diga-se de
passagem, e antes de mais nada, que o próprio nome que consagrou entre nós também
é usual em Portugal; a ele refere-se, por exemplo, Teófilo Braga em mais uma
parte de suas obras e em artigo especial para um jornal lisboeta, no já longínquo
ano de 1895. Eram as “folhas volantes” também chamadas de “folhas soltas”. O
povo português, antes que se difundisse a imprensa, usava o registro da poesia
popular em “cadernos manuscritos...Estas “Folhas volantes” ou “Folhas soltas”,
decerto em impressão muito rudimentar ou
precária, eram vendidas nas feiras, nas romarias, nas praças ou nas ruas; nelas
registravam-se fatos históricos ou transcrevia-se igualmente poesia erudita. Gil vicente, por
exemplo, nela aparece. Divulgando-se, por intermédio das folhas volantes, narrativas
tradicionais, como a Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, Carlos Magno. Tudo
isso, evidentemente, e como seria natural, se transladou, com o colono
português, para o Brasil; nas naus colonizadoras, com os lavradores, os
artífices, a gente do povo, veio naturalmente esta tradição do romanceiro, que
se fixaria no nordeste como literatura de cordel.”
No Brasil o cordel
encontrou um terreno fértil em terras nordestinas, devido à razões étnicas e
questões sociais, segundo M. Diegues Junior “Tudo conduziu para o nordeste se tornar o ambiente ideal em
que surgiria forte, atraente, vasta , a literatura de cordel. Em primeiro
lugar, as condições étnicas: o encontro do português e do africano escravo ali se fez de maneira
estável , contínua, não esporadicamente. Houve tempo suficiente para a fusão
ou absorção de influências. Depois, o
próprio ambiente social oferecia condições que propiciavam o surgimento dessa
forma de comunicação literária, a difusão da poesia popular através de cantorias em grupo e de forma escrita.”
Então, com o tempo, o cordel
adquiriu características próprias
no nordeste e se tornou um importante meio de comunicação.
Escrito de forma rimada, os temas abordados
são abrangentes, tratam desde tradições, histórias, animais, política, crítica
social, religiosas. No Acervo João Chiarini podemos ter contato com diversos
livros de cordel (alguns deles já citados em publicação anterior no blog) além
de material que trata de detalhar o mesmo.
Abaixo podemos
conferir trechos de um cordel que aborda a guerra de Canudos e seu personagem
principal, Antônio Conselheiro:
Adriano Zaulkauskas,
aluno do sétimo semestre do curso de História da UNIMEP.
Pesquisa
realizada no acervo João Chiarini.
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