Em
meio aos debates sobre cultura popular que acontecem em Piracicaba com o 7º Fórum
das Tradições Populares, contribuímos um pouco com o acervo de João Chiarini e
o que ele pode nos contar sobre o folclore da cidade. Em seu material
encontramos textos sobre a origem da Festa do Divino. Em uma cartilha publicada
em comemoração ao 214º aniversário de Piracicaba, a história da festa do divino
é contada:
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Cartilha comemorativa do aniversário de 214º de Piracicaba. |
“A
folia do Divino, em Piracicaba, data de 1826. Um grupo composto por um violeiro-canturião,
caixeiro, adufista, tocador de triângulo, badeireiro e esmoler, percorria a
zona urbana e rural, recebendo moedas e donativos em espécie. Miguel Arcanjo Benício
da Assumpção, o Miguelzinho, pintou um bando precatório, em documento exposto
atualmente em Itu, S.P.
Da folia
do Divino, o dinheiro recolhido ia para a Igreja da Matriz, e as prendas eram
destinadas ao leilão. (...) Os festeiros da Igreja, ou Comissão da Igreja, seus
auxiliares, o alferes da Bandeira e os mordomos não mais recebiam a Folia do
Divino em terra, mas na água, no primeiro cortejo no leito do rio (quem teve a
ideia de promover o encontro das bandeiras no rio foi Viegas Muniz, em
1826).(...) O Encontro no rio, além do visual, trouxe novos elementos: o largo
da Igreja Matriz, partiam os arcos de bambu, cheios de bandeirolas, em amos os
lados dos passeios, prolongando-se até o Pouco dos Irmãos do Rio-Abaixo, na
altura da ex-olaria Elias Cecílio.
(...)
Nos primeiros Encontros apresentavam-se descalços. Dessa fase restam os remos
de palas brancas tendo um desenho da pomba em vermelho. Os cabos também, em cor
vermelha. (...) Dependendo do volume de água, em outro ano, o Encontro deu-se
em julho, assim o 7 de julho de 1944 deu-se em pleno inverno. Os festeiros
foram Ettore Braz Capranico e senhora. O cururu foi introduzido na Festa do
Divino por Mario Lordello, que em 26 de março e 16 de dezembro de 1933,
organizou-os no pavilhão de patinação que a cidade mantinha na época, denominado`
Meu Rinque`”.
O
texto continua explicando os primórdios da festa em Piracicaba, com o
samba-lenço e outras danças. O Centro de Folclore de Piracicaba, na época
presidida por Chiarini, já chegou a organizar muitas festas, como em 1972:
“(...)
numa sexta-feira, o leilão do Largo dos Pescadores, ex-do Porto, foi feito no
salão de festas do Clube de Regatas de Piracicaba; e no domingo daquele ano
(1972), o tempo foi reservado para festanças; Folia do Divino, Cateretê, Cana
Verde, Samba-Desafio, Samba-lenço, Samba-Roda, Congada, Dança dos Tangarás,
Batuque, Arrasta-pé e Modas de Viola, organizada pelo Centro de Folclore de
Piracicaba (...).”
O
acervo João Chiarini é composto por um rico material sobre cultura popular.
Aqui no Espaço Memória temos todo o registro do Centro de Folclore, além da
Hemeroteca montada por Chiarini, com artigos, folhetos, pôsteres de eventos
folclóricos em Piracicaba e região.
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Detalhe da Cartilha"As Tradições Paulistas - A Festa do Divino" que fala como a festa acontece em diversas regiões do Estado de São Paulo. |
Vivian
Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa
realizada no acervo João Chiarini.