Espaço MEMÓRIA PIRACICABANA

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Arthur Friedenreich: o grande “El Tigre”




Considerado por muitos como um dos maiores jogadores do mundo, Arthur Friedenreich, apelidado como El Tigre, era um atacante habilidoso, inventor da finta curta e vários outros dribles e conhecido na Europa como Rei do Futebol, simpático e cavalheiro. 
Acervo Rocha Netto.CCMW/IEP


No dia 18 de julho de 1892 no bairro da Luz na Rua Vitória Nº 8, nascia Arthur, filho de Oscar Friedenreich comerciante alemão e Dona Matilde negra de beleza inigualável, Fried era mestiço de olhos verdes. Os contatos de seu pai com a comunidade alemã fizeram com que Arthur tivesse a oportunidade de estudar no Colégio Mackenzie e iniciasse sua carreira no Clube Germânica. Em 1917 foi transferindo para o Clube Atlético Paulistano, onde ficou conhecido por ser um dos melhores centroavantes do Brasil, e foi neste Clube que apresentou um desempenho excepcional, quando em 1925 fez uma excursão para a Europa disputando dez partidas  e perdendo somente uma.
Acervo Rocha Netto.CCMW/IEP.

Com 22 anos Fried não poderia ficar fora da primeira Seleção Brasileira, e no dia 21 de Julho contra Exeter City a Seleção acabou vencendo por 2 a 0, mas o que marcou o jogo foi a violência empregada pelos ingleses, inconformados com a derrota quebraram dois dentes de Friedenreich.
O jogo que marcou a vida de Fried foi contra a seleção do Uruguai, na final do Campeonato Sul Americano no dia 29 de maio de 1919. O jogo em seu tempo regulamentar havia acabado com duas prorrogações sem gols. Na terceira prorrogação, aos 150 minutos de jogo, Fried domina a bola no peito e arremata em direção ao gol, convertendo o lance em gol, a torcida lançou uma chuva de chapéus no gramado que o jogo teve que ser interrompido por vários minutos, quando o juiz apitou o final da partida a torcida enlouqueceu  e invadiu o campo agarrando Arthur, lançando-o para o ar. A polícia tentou tirar Friedenreich do meio da confusão, mas era inútil tentar. Os Uruguaios encantados com futebol outorgam-lhe um pergaminho que dizia, “Nós, os componentes da Seleção Uruguaia, conferimos ao Sr. Arthur Friedenreich o título de ‘El Tigre’, por ser o mais perfeito center foward do Campeonato Sul Americano de 1919.”
Acervo Rocha Netto.CCMW/IEP.

No ano de 1932 Arthur se alistou para lutar na revolução constitucionalista deixando de lado o futebol e doou todas as suas medalhas e troféus para ajudar financiar a guerra, serviu como sargento na linha de frente e voltou como herói.
Acervo Rocha Netto.CCMW/IEP.

Arthur Friedenreich foi com certeza um dos maiores jogadores de todos os tempos. Reconhecido pela FIFA ele detém o recorde de gol em um total de 1329, superando até mesmo Pelé. Fried, o primeiro grande craque brasileiro.
Rocha Netto e Arthur Friedenreich. Acervo Rocha Netto.CCMW/IEP.





Tiago Favaris, aluno do quarto semestre de Sistemas de Informação da UNIMEP.
Pesquisa realizada no Acervo Rocha Netto.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

La Gamba




No ano de 1911, em Piracicaba, Vicente de La Gamba, italiano, colocou uma propaganda no Jornal de Piracicaba anunciando que praticava medicina sem operação.

 
Acervo do Fórum/CCMW.


Muitos foram os enfermos que buscaram a ajuda de Vicente. No entanto, os resultados não foram os esperados pelos pacientes de La Gamba. O italiano foi acusado de praticar medicina sem ser realmente médico e de receitar métodos nada eficazes aos seus pacientes. A maleta encontrada em posse de Vicente continha pó de carvão animal, mistura de plantas diversas (flores e cascas) entre elas salsaparrilha.
Acervo do Fórum/CCMW.

Vicente acreditava que a cura estava na água e por isso receitava banhos para os doentes. Ele também usava o nome de Professor, pois segundo o próprio, professor significaria “ser profissional” em alguma coisa.
Acervo do Fórum/CCMW.

Um senhora com tuberculose medicada pelo italiano teve que tomar banhos frios e quentes e sem ter alcançado a cura - segundo consta no processo, ela já estava em estágio terminal da doença - , resolveu prestar queixa contra o professor. Quando chegou à delegacia, provocou uma intensa discussão, mobilizando muita gente para lhe ajudar a subir as escadas, pois estava muito doente, incapacitada de caminhar normalmente e que tudo isso era culpa de Vicente. Para outra paciente, com feridas na pele, La Gamba  orientou para que ficasse exposta ao sol coberta com lã por 2 horas e que depois tomasse um banho de água fria. Também não teve melhora alguma e testemunhou contra Vicente. No total, foram seis testemunhas.


Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.

Pesquisa realizada no acervo do Fórum

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O maior goleador do XV de Piracicaba





No dia 15 de Novembro, o Esporte Clube XV de Novembro completa seus 100 anos de existência. Fundado no dia 15 de Novembro de 1913, pelo Cap. Carlos Wingeter, até hoje se mantém como um dos principais clubes do interior Paulista com diversos títulos e craques de bola que passaram pelo seu time principal e pelas categorias de base, chegando até mesmo a Seleção Brasileira.
Gatão em jogo pelo Colégio Piracicabano, 15/07/1943. Acervo Rocha Netto/CCMW

Seu maior artilheiro foi Vincente Naval Filho, mais conhecido como Gatão. Começou sua carreira no esportiva no Colégio Piracicabano, depois amadoramente pelo S.R Palmeiras na liga de Piracicaba em 1944. Em 1945 foi contratado pelo XV de Piracicaba e sua partida de estréia foi no ano seguinte, no dia 18 de janeiro, contra o Libertad do Paraguai no estádio da Rua Regente Feijó. O XV perdeu de 3 x 2 para o time Paraguaio e Gatão não marcou gol neste jogo. Seu primeiro gol de foi contra o Internacional de Limeira em Piracicaba também no campo da Rua Regente no dia 20 de Janeiro de 1946.
Gatão com a camiseta do S.R. Palmeiras, clube amador de Piracicaba. Acervo Rocha Netto/CCMW

Gatão foi o maior artilheiro do XV com 202 gols em 423 jogos, vencendo o Campeonato Paulista de 1947 e 1948, foi técnico do XV e outros times paulistas. Quando foi vendido ao Corinthians, em 29 de fevereiro de 1952, jogou 79 partidas e marcou 17 vezes, foi bi-campeão do torneio Rio-São Paulo e também ganhou dois Campeonatos Paulistas: de 1952 e 1954. Só voltou ao XV em maio de 1955 onde continuou a marcar muitos gols.
Gol de Gatão contra o Internacional de Limeira. Acervo Rocha Netto/CCMW
Vincente com certeza foi um grande jogador e uma inspiração para todos que ocuparam sua posição dentro do XV de Novembro. Mesmo depois da sua morte, Gatão continua a ser lembrado pelos torcedores, amigos e adversários como um dos maiores goleadores do interior paulista. 
Gatão com seu filho. Acervo Rocha Netto/CCMW

Gatão com a camisa do Corinthians. Acervo Rocha Netto/CCMW




Tiago Favaris, aluno do quarto semestre de Sistemas de Informação da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Wingeter e o XV



“Antes de a diretoria do XV de Novembro (na gestão do Dr. Antonio Augusto de Barros Penteado, que foi prefeito da cidade), no dia 18 de abril de 1918, ter adquirido o campo da Rua Regente Feijó (hoje de propriedade de uma indústria), o alvinegro vivia às custas de bondade e heroísmo dos seus diretores e jogadores, que chegaram até  a plantar gramas no campo de futebol.
Dentre esses heróis apontamos a figura do seu primeiro presidente, o Carlos Wingeter, que exercia as funções de cirurgião-dentista e que pertencia à Guarda Nacional. Contam os seus descendentes que o “Capitão” gastou tudo o que tinha em benefício do XV e que foi ele quem doou ao clube o campo de futebol da Rua Regente(...)
O que se sabe é que o Capitão Carlos Wingeter foi arrendatário do campo da  rua Regente Feijó, de 18 de setembro de 1915 até a data em que foi adquirido em definitivo pela diretoria do alvinegro (18 de abril de 1918) (...).”  Rocha Netto em seu livro “A História do XV, vol. I”, pág 10.

Acervo Rocha Netto/CCMW


Carlos Wingeter foi um dos fundadores do XV, primeiro presidente e grande colaborador do clube. Por isso, hoje, as 19h30, no Centro Cultural Martha Watts, haverá a abertura da exposição em homenagem aos 100 anos do XV e do lançamento do livro biografia de Wingeter. Compareçam! 


Acervo Rocha Netto/CCMW



Vivian Monteiro, historiadora do Espaço Memória Piracicabana.
Pesquisa realizada no acervo Rocha Netto.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ao lugar supremo por veredas estreitas



No acervo Jair de Toledo Veiga encontra-se um exemplar do, ”Nosso Jornal, Homenagem aos homens de cor de Piracicaba, de 13 de Maio de 1960”, nele encontramos um artigo sobre Flora Maria Blumer de Toledo com o titulo de “Ad augusta per augusta”.



Flora nasceu por volta de 1833, escrava da fazenda de Matias Dias de Toledo, sempre trabalhou em serviços domésticos na casa de seu senhor. A mesma adquiriu hábitos, talentos e conhecimento, permanecendo 42 anos sobre a propriedade de Matias. Em 19 de abril de 1875 foi vendida a Pedro Blumer, descendente de alemães luteranos que residiam em Piracicaba.
O ano era 1881, Miss Martha Hite Watts viera dos Estados Unidos com o propósito de fundar um colégio, conheceu Pedro Blumer, tendo feito amizades com sua família, os quais pelo ano de 1883 vieram a congregar na igreja Metodista.
            O Colégio Piracicabano crescia e achava-se necessário contratar uma cozinheira. Martha conhecendo Flora e conversando com os Blumers juntamente com Prudente de Moraes, Governador da Província de São Paulo, decidiram alforriar a escrava e contrata-la como funcionaria do Colégio.
            Tia Flora como era chamada pelas crianças do Colégio era admirada por elas, e em noites frias a mesma reunia as crianças em volta de seu fogão para aquecê-las e dava um doce a cada uma, e quando as meninas sentiam-se sozinhas longe de casa era Flora que as confortava e encorajava, tendo amor e respeito das mesmas.
            Em pleno regime monárquico e escravagista, Tia Flora mantinha amizade intima com as professoras do Colégio que a ensinaram Inglês, idioma que falava fluentemente, havendo feito uma viagem para os Estados Unidos com o Reverendo Koger e sua família.

            No dia 22 de Julho de 1892 Flora entrega sua alma ao Criador, devido a uma hidropisia, nesta mesma data aos prantos Martha Watts anunciava a todo Colégio a morte de sua amiga e que a mesma não morreu em agonia, mas em paz e consolo espiritual que havia encontrado em Jesus Cristo. Mesmo sem leis trabalhistas o Colégio arcou todo seu enterro.


Tiago Favaris, aluno do quarto semestre de Sistemas de Informação da UNIMEP.
Pesquisa realizada no acervo Jair Toledo Veiga.